quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

JUNTA GOVERNATIVA PROVISÓRIA

JUNTA GOVERNATIVA PROVISÓRIA
De 24 de outubro de 1930 a 03 de novembro de 1930 (composta por: Augusto Tasso Fragoso, João de Deus Menna Barreto, José Isaías de Noronha).
Chefe da Junta Provisória de 1930:

AUGUSTO TASSO FRAGOSO
Nasceu no dia 28 de agosto de 1869 em São Luís, Maranhão. Filho de Joaquim Coelho Fragoso e Maria Custódio de Souza Fragoso. Tasso Fragoso iniciou seus estudos primários no Colégio do Pires, assim conhecido pelo seu diretor, o Pires, ex-sargento de polícia que se tornou professor depois de reformado, terminando seu curso primário no Colégio São Paulo. A seguir, fez todo o curso ginasial no Liceu Maranhense, concluindo-o em 1883, aos 14 anos de idade. Em 18 de março de 1885, uma portaria concedeu licença a diversos jovens para estudarem na Escola Militar da Corte, foi então que o cunhado e grande amigo do pai de Tasso Fragoso, o colocou entre esses alunos. Para alcançar o intento, foi necessário “aumentar” sua idade em dois anos. É por isso que em sua Fé de Ofício aparece que Tasso Fragoso nasceu em 1867, e não em 1869. Tal fato era comum na época, já que havia pouco ou nenhuma preocupação em relação aos critérios de seleção. Era exigido apenas que os candidatos fossem praça do Exército, tivessem a idade mínima de 16 anos e máxima de 25, soubesse ler e escrever corretamente o português, conhecessem as quatro operações aritméticas e apresentassem robustez suficiente para o serviço militar – o que era avaliado em exame médico. Os candidatos deveriam, também, apresentar provas de terem sido vacinados e revacinados nos prazos que a lei determinava. O empenho nos estudos para conseguir a aprovação plena justificava-se: os que não a conseguiam eram despachados para a tropa, como sargentos, aguardando a promoção. Obter os galões com suas respectivas estrelas, juntamente com a banda vermelha, era a coroação de seus esforços. Assim, foi com orgulho que o jovem Tasso Fragoso exibiu, em janeiro de 1889, o supremo galardão de alferes-aluno. A partir de abril desse mesmo ano, passou a freqüentar os cursos Estado-Maior e de Engenharia da Escola Superior de Guerra, bacharelando-se em Matemática e Ciências Físicas e Exatas. Inclinado para as letras desde cedo, Tasso Fragoso figurou como colaborador em diversas revistas acadêmicas, entre elas a “Revista da Família Acadêmica” em 1886. Seus primeiros escritos mostram uma alma romântica dos jovens da época. Escreveu: “Os travesseiros” (1887), “O presente de Arabela” (1888), “Na província” (1888), “Uma visita à fábrica de ferro de Ipanema” (1889). Em janeiro de 1890, deixando a Escola, Fragoso foi promovido a tenente aos 21 anos de idade. Em 1890 foi eleito deputado pelo Maranhão à Assembléia Constituinte, renunciando ao cargo no ano seguinte. Iniciando um estágio no Observatório de Astronomia do Rio de Janeiro em fevereiro de 1981, interrompendo-o no mês seguinte para viajar com a Comissão Estratégica do Paraná. Assumiu a Prefeitura do Distrito Federal e, em seguida, chefiou o Departamento de Obras e Viação Geral da capital federal. Em 1885 serviu na Diretoria de Obras Militares, e logo depois, passou a ocupar o lugar de secretário da Comissão de Fortificação e Defesa do Litoral do Brasil. Em outubro de 1885, casou-se com sua prima Josefa Graça Aranha e tiveram seis filhos: Evangelina, Murilo, Beatriz, Heloísa, Marina e Maria da Glória. Foi encarregado dos trabalhos de defesa da costa sul da cidade do Rio de janeiro e o responsável pela reforma do Forte do Vigia, que depois passou a se chamar Forte do Leme. Em 1889 passou a integrar a 1ª seção do Estado-Maior do Exército. Em 1900 serviu na Comissão de Limites com a Bolívia, ficando à disposição do Ministério das Relações Exteriores. As seqüelas do ferimento na perna fez Tasso Fragoso retornar ao Rio antes do término dos trabalhos, em agosto de 1901. Em 1914 foi elevado à patente de coronel. Em 1918 foi promovido a general de brigada. Em 23 de outubro de 1930, foi persuadido pelo general Menna Barreto a chefiar o golpe que derrubaria, no dia seguinte, o presidente Washington Luís. Foi indicado o general Tasso Fragoso para dar solução rápida ao movimento contra o presidente, que desde 03 de outubro fazia vítimas e tendia a virar uma guerra civil. Tendo a promessa de apoio, através de Isaías de Noronha, da Marinha, os três chegaram à Presidência da República como membros da Junta Governativa que depôs o presidente Washington Luís. A Junta Governativa ocupou a Presidência da República por pouco tempo (mais de uma semana), período curto, porém marcante pelos ajustes políticos decorrentes da deposição do presidente, e pelo encaminhamento da posse de Getúlio Vargas. A década de 30 iniciou-se politicamente agitada no Brasil em decorrência do processo político, e da instabilidade econômica gerada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929. As eleições de 1930 haviam sido vencidas pelo candidato Júlio Prestes de Albuquerque. Alegando fraude no pleito, os correligionários dos candidatos derrotados da “Aliança Liberal” (Getúlio Vargas, candidato à Presidência, e João Pessoa, candidato a Vice), articularam um movimento para derrubar Washington Luís e impedir a posse de Júlio Prestes. Em 26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassinado. Grupos “aliancistas” iniciaram ataques aos principais jornais politicamente identificados com o governo. Foram queimados ou depredados “O Paiz”, “A Notícia”, “A Gazeta de Notícias”, “A Crítica”, “A Vanguarda” e “A Noite”. Todos tinham suas redações no centro do Rio de Janeiro. Os generais Tasso Fragoso e Menna Barreto se dirigiram para o Palácio Guanabara com outros oficiais. Dentro do palácio, Washington Luís teimava em não renunciar. Encontraram o presidente rodeado de seus ministros e, depois de perfilar, juntar os calcanhares e bater continência, o general Tasso Fragoso declarou: “Sr. Presidente, venho mais uma vez patentear a minha lealdade, assegurando-lhe a vida, comunicar-lhe que a Junta Governativa está formada e que ela pede a V. Exa. a sua renúncia, a fim de evitar mais derramamento de sangue”. Foi convidado o cardeal Leme para tentar convencê-lo e, no final da tarde o cardeal obteve sucesso sem a necessidade de aplicação de força. O cardeal acompanhou Washinton Luís ao Forte de Copacabana, onde o presidente deposto ficou detido, mas em segurança. No dia 25 de outubro, Tasso Fragoso, Menna Barreto e Isaías de Noronha telegrafaram a Getúlio Vargas solicitando com urgência a presença dele no Rio de Janeiro. A Junta Governativa deixava claro que o movimento armado só seria desmobilizado depois de uma definitiva solução política, que estaria condicionada à aceitação integral do “programa revolucionário”. Os membros da Junta decidiram o destino do presidente deposto, que seria o exílio com toda sua família. As nomeações tinham caráter interino, com o fito de manter em funcionamento os serviços públicos indispensáveis até a chegada de Vargas, futuro chefe do governo. No dia 03 de novembro, trajando farda, Getúlio Vargas recebeu das mãos da Junta Governativa, a título provisório, o governo do País. Depois da posse de Vargas, Tasso Fragoso ficou aguardando nova indicação, o que aconteceu em 1931, quando assumiu o comando do Estado-Maior do Exército. Em 1933, foi nomeado ministro do Superior Tribunal Militar, cargo que ocupou por cinco anos, onde se aposentou em 1938, aos 70 anos, conforme seus documentos militares. No dia 20 de setembro de 1945, os generais recebiam a notícia da morte de Augusto Tasso Fragoso. O Presidente Getúlio Vargas determinou que lhe fossem prestadas honras de chefe de estado, dada sua participação como membro da Junta Governativa Provisória de 1930. Foi parte de seu discurso: “Manifesto à Nação, em 27 de outubro de 1930 [...] Ao povo brasileiro. A Junta Governativa, depois de se haver posto em contato com todas as forças revolucionárias triunfantes, pode fazer agora a seguinte declaração: A vitória da revolução traz como conseqüência a dissolução do Congresso Nacional e a anistia, mas a Junta aguarda a chegada do Dr. Getúlio Vargas a esta capital a fim de serem expedidos os necessários atos. As nomeações até agora feitas são estritamente indispensável ao regular o funcionamento dos serviços públicos e têm, todas elas, em caráter interino. Foram expedidas pela Junta e pelas forças revolucionárias do sul e do norte as ordens definitivas para a cessão das hostilidades e completa pacificação do País. [...]”
Tasso Fragoso



Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário