quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

CARLOS COIMBRA DA LUZ

CARLOS COIMBRA DA LUZ:De 09 de novembro de 1955 a 11 de novembro de 1955.
Nasceu no dia 04 de agosto de 1894, em Três Corações, Minas Gerais. Filho de Alberto Gomes Ribeiro da Luz e de Augusta Coimbra da Luz. Carlos Luz fez os estudos básicos em Lavras (MG), no ginásio que leva o nome da cidade, concluindo-os em 1910. No ano seguinte, mudou-se para Belo Horizonte, passando a cursar a Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais. No mesmo ano, começou a trabalhar na Secretaria do Interior. Entre 1911 e 1915, quando ainda cursava a faculdade, assumiu o cargo de secretário do Conselho Superior de Instrução Pública de Leopoldina, cargo que acumulou com o de secretário do Conselho Estadual, até o último ano da faculdade. Quando concluiu o curso de direito, foi nomeado delegado de polícia e também professor de geografia, corografia e cosmografia da Escola Normal de Leopoldina. Em 1918, Carlos Luz abandonou a função de delegado de polícia, tornando-se promotor e inspetor escolar. Dois anos depois, deixou essas atividades para dedicar-se à advocacia e ao jornalismo, passando a trabalhar no jornal “Gazeta de Leopoldina”. Em 1920, Carlos Luz se casou pela primeira vez, com Maria José Dantas Luz e tiveram dois filhos, Rui e Augusta. Maria José faleceu quatro anos após o casamento. Em 1927, ele se casou pela segunda vez com Graciema Junqueira da Luz, que também lhe deu dois filhos, Fernando e Beatriz. Em 1923 entrou definitivamente na vida política ao ser eleito para a Câmara Municipal de Leopoldina, que logo viria a presidir. Pouco tempo depois, assumiu o cargo de prefeito da cidade, com mandato de três anos. Em 1927, foi reeleito para a Prefeitura. Em 1930, participou da campanha eleitoral da Aliança Liberal, que não conseguiu eleger para a Presidência e a Vice-Presidência da República os governantes do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas, e da Paraíba, João Pessoa. O resultado dessa eleição, tumultuada por suspeitas de fraude, levou a um movimento armado, chamado de “Revolução de 30”, que derrubou o Presidente Washington Luís e levou Getúlio ao poder. Após algum tempo afastado, reassumiu a Prefeitura, nela permanecendo até 09 de setembro de 1932. Nessa data, assumiu a Secretaria da Agricultura, Viação e Obras Públicas de Minas. Assumiu o cargo de Interventor em 1934, em substituição a Benedito Valadares. No mesmo ano foi eleito deputado federal pelo Partido Progressista de Minas Gerais, deixando a Secretaria em 31 de janeiro de 1935. Assumiu o mandato parlamentar no Rio de Janeiro em 03 de maio, além de ter sido nomeado membro da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara. Em 1937, com a substituição de Antônio Carlos Ribeiro de Andrade por Pedro Aleixo na Presidência da Câmara, Carlos Luz foi escolhido líder da maioria. O processo eleitoral foi abortado pelo golpe de 10 de novembro daquele ano, pelo qual Getúlio Vargas instaurou o Estado Novo e fechou o Congresso, tendo os parlamentares perdido seus mandatos. Carlos Luz foi nomeado para o Conselho Administrativo da Caixa Econômica Federal do Distrito Federal, passando a dirigir a Carteira Hipotecária em 25 de novembro e tornando-se, no mês seguinte, vice-presidente da Caixa. Ainda em dezembro de 1937, assumiu posto no conselho da Companhia de Seguros Minas-Brasil e também a direção dessa empresa, função que exerceu até o fim da vida. Em julho de 1939, foi nomeado presidente da Caixa Econômica Federal, cargo que ocupou até 1946, passando a fazer parte do Conselho Superior das Caixas Econômicas Federais. Com as reformas decorrentes do fim do Estado Novo, deu-se a reorganização partidária, surgindo dois grandes partidos ligados à estrutura de poder: o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). O presidente Getúlio Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945 e, nas eleições de 02 de dezembro, Eurico Gaspar Dutra foi eleito Presidente. Carlos Luz foi eleito deputado federal pelo PSD mineiro com 24.895 votos, a quarta maior votação do Estado. Mas não assumiu a cadeira, tornou-se ministro da Justiça em 31 de janeiro de 1946. O ministro Carlos Luz foi acusado por parlamentares de pressionar os constituintes. Inclusive pela sucessiva utilização da Lei de Segurança Nacional para intimidar os participantes dos diversos movimentos sociais que ocorreram no período. Em 15 de agosto de 1946, a poucos dias do começo da votação em plenário do texto constitucional, Carlos Luz determinou a apreensão da edição da “Tribuna Popular”, jornal comunista do Rio, proibindo ainda que ele circulasse até o final do mês. Tal atitude acarretou protestos de parlamentares dos partidos PCB, UDN, PTB, PR e PSP, além da Associação Brasileira de Imprensa. A promulgação da Constituição significou também o fim do período de Carlos Luz à frente do Ministério da Justiça, no qual foi substituído por Benedito Costa Neto, do PSD de São Paulo, em 02 de outubro. Após deixar o Ministério, Carlos Luz retomou suas atividades político-partidárias e teve seu nome indicado para concorrer ao cargo de governador de Minas Gerais nas eleições de 1947. Preferiu assumir o cargo de presidente do Banco Ribeiro Junqueira. Nesse pleito, ocorreram eleições suplementares para a Câmara dos Deputados, e Carlos Luz foi o único candidato do PSD de Minas que conseguiu se eleger, tomando posse em 17 de março de 1947. Em 1954, que culminou com o suicídio de Vargas em 24 de agosto, assumiu a Presidência Café Filho, que começou a sofrer pressão da UDN, do PSD, do PR e do PL; contudo não quis adiar as eleições para o Congresso Nacional, marcadas para 03 de outubro. Carlos Luz se elegeu e tomou posse no dia 1º de fevereiro de 1955. No dia seguinte, derrotou Ranieri Mazilli na disputa pela Presidência da Câmara. Dessa forma, de acordo com a Constituição de 1946, tornou-se o substituto legal de Café Filho na Presidência da República. Com um período conturbado de crise e pressão para que o novo Presidente eleito, Juscelino Kubitschek e o Vice-Presidente João Goulart não assumissem o poder, no dia 03 de novembro, o presidente Café Filho foi internado no Hospital dos Servidores do Estado, com um distúrbio cardiovascular. A saúde do Presidente piorou e, no dia 08, ao ser informado pelos médicos da necessidade de continuar internado por mais alguns dias, Café Filho decidiu passar imediatamente o governo a seu substituto legal, o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, que foi empossado no mesmo dia aos 60 anos de idade. Não houve cerimônia de posse nem discursos. O acontecimento foi tratado como simples ato administrativo. Na sua posse, a presença dos grandes nomes da UDN permitiu pensar que ele se aproximava desse partido e, portanto, da solução golpista. Longe de resolver a crise militar, Carlos Luz a aprofundou. Devido a mudanças no Ministério da Guerra e da insatisfação militar sobre um possível golpe, na manhã seguinte, tomou-se conhecimento da movimentação militar contra o presidente, a partir de plano elaborado desde o mês de maio. Rapidamente, os pontos estratégicos do Rio de Janeiro foram tomados pelas tropas do Exército, tornando insustentável a posição de Carlos Luz, que deixou o Palácio do Catete sob a responsabilidade dos generais Fiúza de Castro e Alcides Etchegoyen e se refugiou no Arsenal da Marinha. O Congresso declarou Carlos Luz impedido de exercer a Presidência. Encerrada a crise, Carlos Luz renunciou também à Presidência da Câmara dos Deputados. O senador Nereu Ramos, segundo na ordem de sucessão como vice-presidente do Senado, substituiu-o na Presidência da República. Pouco depois, o Congresso declarou o impedimento de Café Filho. Assim, Nereu Ramos ocupou o cargo até 31 de janeiro de 1955, quando o transmitiu a Juscelino Kubitschek de Oliveira. Carlos Luz não abandonou a política. Reeleito em 1958, mas teve atuação apagada. Ainda assim, conseguiu manter-se como deputado até sua morte. Além disso, foi diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro no período de 1951 a 1957. Carlos Coimbra da Luz sofria há algum tempo de problemas renais. Ativo participante da campanha de Jânio Quadros, presente na posse em Brasília em 31 de janeiro de 1961, retornando ao Rio já doente e indo direto para o Hospital dos Servidores do Estado. Morreu às 02h20 do dia 09 de fevereiro de 1961, de insuficiência renal. Foi parte de seu discurso: “[...] a pressão foi fundamentando e, então – por não conhecer ainda toda a extensão do movimento subversivo -, resolvi manter intacta a autoridade do Chefe de Estado, a bordo de um dos mais valorosos vasos de guerra da nossa Marinha, que me enche de orgulho como brasileiro: o Cruzador ‘Tamandaré’. [...] Pois bem, Sr. Presidente, daquele vaso de guerra dirigi a V. Exa., e penso [...] que Vossa Excelência tenha lido perante a Casa a minha proclamação, a minha mensagem ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal, a todos os Governos dos Estados, na qual comunico a intenção de manter-me no cargo a bordo do navio. [...]”.



Carlos Luz

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

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