quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

PRUDENTE JOSÉ DE MORAES E BARROS

PRUDENTE JOSÉ DE MORAES E BARROS: Nasceu em 04 de outubro de 1841 no sítio da família nas redondezas da vila de Itu, Estado de São Paulo, filho de José Marcelino Barros e Catarina Maria de Moraes. Aprendeu as primeiras letras com a mãe, tinha dois anos quando seu pai morreu assassinado por um escravo de nome Sebastião quando comandava um grupo de tropeiros, guiando gado (já que era negociante de gado). Quando tinha oito anos, sua família mudou-se para Piracicaba, onde sua mãe voltou a casar-se. Com 13 anos passou a estudar com o professor Manuel Estanislau Delgado. Com 16 anos, com apoio da mãe e com uma pequena herança deixada pelo seu pai, mudou-se para a capital, São Paulo. Em 1857 entrou para o colégio de João Carlos Fonseca, de onde saiu dois anos depois, ao concluir o curso preparatório. Ainda não tinha 18 anos quando ingressou na Academia de Direito, no Largo de São Francisco. Ao formar-se, em 1863, estava com 22 anos. O jovem advogado começava a dar seus primeiros passos na política e, antes de completar 25 anos já estava se casando com a Srª Adelaide Benvinda Silva Gordo, natural da cidade de Piracicaba (SP), e desse casamento nasceram oito filhos: José Prudente de Moraes, Prudente de Moraes Filho, Antônio Prudente de Moraes, Maria Amélia de Moraes Barros, Júlia Prudente de Moraes, Carlota de Moraes Sampaio, Maria Teresa e Maria Jovita. Prudente de Moraes, depois de formado, retornou para Piracicaba, onde montou escritório, assim como seu irmão, Manoel de Moraes Barros. Afiliado ao Partido Liberal, eleito vereador e presidente da Câmara Municipal em 1865, com 23 anos de idade. Com apoio dos liberais, chegava a deputado provincial em 1868, passando a atuar na Comissão de Constituição e Justiça e da Força Pública. Foi escolhido como candidato em 1876 entre os membros do Partido Republicano Paulista, onde elegeu-se três vezes para a Assembléia Provincial e depois, chegaria à Corte como deputado da Assembléia Geral do Império (1885-1886), onde tinha como componentes da sua bancada Campos Salles e o mineiro Álvaro de Carvalho. Em 1888 foi indicado por Deodoro para Presidente da Província de São Paulo, onde teve uma administração de grandes realizações, principalmente na área da educação, criando as primeiras escolas públicas. Em 1890 foi eleito senador e tornou-se presidente da Assembléia Constituinte que deu forma à Constituição de 1891. As primeiras eleições diretas do regime republicano aconteceram no dia 1º de março de 1894 e teve o seguinte resultado: Prudente de Moraes venceu com 290.883 votos. Como vice, ganhou o médico baiano Manuel Vitorino Pereira, com 226 mil votos. No dia 2 de novembro de 1894, chegava o presidente eleito, Prudente de Moraes, no Rio de Janeiro para tomar posse, não encontrando ninguém para recebê-lo na estação ferroviária. Apenas um amigo o acompanhou até o Hotel dos Estrangeiros, na Praça José de Alencar. No dia 15 de novembro, data marcada para a posse, novamente não apareceu ninguém para buscá-lo, sendo acompanhado por André Cavalcanti (que seria chefe de polícia no seu governo) foi, enfim, ao Palácio do Conde dos Arcos, onde foi prestado o compromisso legal que o estabeleceu no cargo. A seguir, assumiu o Palácio do Itamaraty, sede do governo, desta vez, acompanhado do representante da Inglaterra e do seu secretário da Presidência, Rodrigo Octávio. Percebia que havia uma hostilidade muito grande de Floriano Peixoto a começar por este não ter aparecido para lhe passar o cargo e nem ter cumprido o protocolo. No dia 10 de julho de 1895, deu um passo importante para a pacificação dos revoltosos do Rio Grande do Sul: em Piratini, próximo de Pelotas, foi assinado a Ata da Conferência, evento que contou com a presença dos comandantes das forças em confronto. A paz não demorou: foi proclamada em 25 de agosto. A competência de Prudente de Moraes foi, em todo o processo, amplamente reconhecida. Com um problema renal, viu-se Prudente de Moraes obrigado a afastar-se do governo, passando o cargo, em caráter provisório, ao seu vice Dr. Manuel Vitorino. Nessa época, o governo se preocupava com Antônio Vicente Mendes Maciel, o ‘Antônio Conselheiro’ que, sendo traído pela mulher, que o abandonou e fugiu com um homem, deixou a cidade de Quixeramobim para se embrenhar no sertão e tornar-se um pregador, se indispondo com as autoridades e criando o Arraial de Canudos, para onde acorriam seguidores aos milhares, cometendo vários saques nas vizinhanças e provocando vários combates com a força militar. O presidente em exercício, Dr. Manuel Vitorino Pereira, querendo se aproveitar da situação para mostrar que era melhor administrador, mandou que um batalhão do Exército desse fim a Canudos, porém, esses soldados foram massacrados pelos guerrilheiros jagunços. Manuel Vitorino então envia 1.300 soldados, comandados pelo coronel Antônio Moreira César, que era um comandante com muito conhecimento de comando, para combater os fanáticos, e dá como certa a vitória. Porém, acontece o impossível: Moreira César e vários oficiais foram mortos em combate. A tragédia repercutiu até fora das fronteiras do país, sendo considerado culpa do governo que era dado como fraco. No dia 3 de março, mesmo com muita pressão contra, retorna ao poder Prudente de Moraes. Em maio, o presidente dá posse ao marechal gaúcho Carlos Machado de Bittencourt na pasta da Guerra. Em julho, seis mil homens, divididos em duas colunas, não conseguiram vencer a batalha, ficando os que sobreviveram esperando para se juntarem a 1.024 praças e 68 oficiais de Brigada que chegaram e logo depois, mais 3.000, entre os quais cerca de trezentos oficiais, sob o comando do marechal Bittencourt, entre os dias 4 e 5 de outubro enfim, conseguiram derrotar o Arraial de Canudos. O retorno ao poder de Prudente de Moraes não agradava aos militares, que planejavam um golpe. A data escolhida pelos golpistas era no retorno dos vencedores da guerra de Canudos. No cais, quando da chegada do presidente, um soldado se colocou em sua frente, encostando uma arma em seu peito, acionou os dois gatilhos, não conseguindo seu intento por a arma ter falhado. Prudente desviou a mão do agressor com sua cartola, e o coronel Mendes de Moraes, chefe da Casa Militar, que estava ao seu lado, acertou um soco no rosto do agressor. A multidão queria linchar o soldado. Antes de se retirar, protegido pela guarda, Prudente ainda ordenou que a vida do seu agressor fosse poupada. O agressor, porém, lançou mão de um punhal e desferiu vários golpes no ministro da Guerra, matando-o. O soldado, cujo nome era Marcelino Bispo de Mello, foi dominado e preso, e, dias depois apareceu morto na prisão. Muitos foram os suspeitos do atentado contra o presidente, sendo alguns deles mandados para a prisão da ilha de Fernando de Noronha, inclusive o deputado e jornalista Alcindo Guanabara, que escrevia violentos editoriais no jornal ‘A República’. Após a traumática experiência do atentado e consciente da presença de elementos conspiradores por todos os lados de seu governo, Prudente de Moraes solicitou ao Legislativo a decretação de estado de sítio para o Distrito Federal e Niterói, passando a governar com mão forte e terminando com relativa calma o seu mandato, quando passou a faixa presidencial ao também paulista Campos Salles, cuja cerimônia aconteceu no Salão da Liberdade, do Palácio do Catete, que tinha sido comprado pelo vice Manuel Vitorino durante sua interinidade. No dia 15 de novembro de 1898, depois de passar a presidência para Campos Salles, Prudente de Moraes saiu do Palácio do Catete para a Pensão Beethoven, no bairro da Glória, onde ficaria até o embarque para São Paulo. A carruagem conversível que o transportava, gastou mais de duas horas num trajeto de cinco minutos, isso por causa da multidão que queria se despedir dele. Houve discursos durante o trajeto, vivas, e até salvas de tiro de canhão dos navios. Enfim, Prudente de Moraes estava a caminho de fazer o que ele tanto queria, estar novamente em família e confortavelmente em paz. Quatro anos depois de deixar o cargo, aos 62 anos, Prudente de Moraes morreu, no dia 3 de dezembro de 1902. A doença que o matou, e o matou aos poucos, foi a tuberculose. Pouco antes de morrer, segundo a família, uma das frases de Prudente era: “não sairei mais de perto do Gaspar”. (Gaspar era o nome do zelador do cemitério de Piracicaba). Quando morreu, o comércio da cidade inteira fechou as portas em sinal de luto, tendo mais de três mil pessoas no seu enterro. Parte de seu discurso quando presidente: (...) “a forma republicana, tal como está consagrada na Constituição de 24 de fevereiro, é indubitavelmente a que tem que reger para sempre os destinos do Brasil, porque é no seu admirável mecanismo que está a mais segura garantia da harmonia permanente entre a unidade nacional e a vitalidade e expansão das forças locais. A República está, pois, firmada na consciência nacional; lançou raízes tão profundas que jamais será daí arrancada.” (...)

Prudente de Moraes
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

FONTE: http://institutohistoriar.blogspot.com/2008/08/srie-presidentes-do-brasil_17.html

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