quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os Índios no Brasil: miscigenação e escravidão

Os Índios no Brasil: miscigenação e escravidão



As muitas pesquisas em sítios arqueológicos brasileiros indicam que a presença humana em nosso território é bastante antiga. Os primeiros vestígios datam de 48 mil anos atrás, e foram encontrados em São Raimundo Nonato, no interior do Piauí. Isso significa que a presença humana no Brasil já era forte muito antes da chegada dos portugueses.
            Quando os europeus chegaram em nossas terras, o choque cultural entre dois povos tão diferentes é algo quase inimaginável para nós, atualmente. Os portugueses eram profundamente católicos e vinham de um país de tradições e costumes bastante rígidos. Encontram nas praias recém-descobertas homens de pele mais escura, mas não tão escura como a dos africanos; homens e mulheres que viviam seminus, em tabas e ocas que os portugueses não poderiam chamar de casas; um povo que não conhecia o Deus cristão e vivia segundo hábitos e costumes completamente diversos, para quem a riqueza do ouro e da prata era desconhecida e nada significava.
            Se, a princípio, os contatos entre nativos e portugueses foram amistosos, não demorou muito até que os “conquistadores” tentassem pôr em prática suas intenções reais. Como Portugal se considerava proprietária das terras descobertas, e tinha direito de explorar as riquezas nelas contidas, os índios eram na verdade um empecilho para o projeto colonizador português. Era preciso educá-los na fé cristã, para que esta se fortalecesse no mundo e para que os costumes fossem os mesmos entre nativos e europeus. Além disso, era preciso vestir os nativos, ensinar-lhes o português, fazê-los trabalhar, enfim: civilizar aquele povo que parecia ter sido esquecido por Deus. O grande interesse dos conquistadores era a utilização dos nativos como mão-de-obra para os trabalhos cotidianos; assim, uma série de costumes dos índios parecia aos portugueses completamente sem sentido: o nomadismo, o fato de que não havia propriedade privada entre eles, ou uma hierarquia de poder, os rituais religiosos e as práticas de antropofagia. Essas diferenças inquietavam os portugueses, e serviram como base para que eles classificassem os costumes do povo a ser colonizado em três categorias: inocentes, bárbaros ou diabólicos.
            Classificar os hábitos e costumes dos indígenas foi a maneira que os portugueses encontraram para integrá-los ao seu próprio modo de ver o mundo; dessa forma, os portugueses conseguiram encaixar aquilo que parecia tão incompreensível dentro da sua própria realidade. Assim, os nativos eram vistos como bárbaros a serem civilizados, enquanto que o Novo Mundo, pela natureza exuberante, era visto como o Paraíso.
            À medida em que os portugueses avançavam na apropriação das terras, aumentavam os conflitos co os indígenas. Afinal, para os colonizadores, os índios deveriam ser utilizados para o trabalho. A primeira forma de conseguir isso foi o escambo: os portugueses trocavam utensílios, roupas, ferramentas, adereços e outras peças pelos mais diversos serviços, como cortar e extrair do pau-brasil o pó avermelhado que era utilizado para tintura.
Porém, o trabalho dependia da vontade dos índios para o trabalho. Além disso, nem todas as tribos foram receptivas aos colonizadores: muitas organizaram ataques contra os portugueses ou fugiram do litoral. Esses ataques impeliram os europeus a descobrir uma excelente alternativa para o problema da mão-de-obra: os índios feitos prisioneiros eram transformados em escravos. Essa prática recebeu o nome de “Guerra Justa”, e condenava à escravidão todos os índios que se colocassem contra os portugueses ou contra a doutrina cristã. Aqueles nativos contra os quais se guerreava eram, para os colonizadores, os inimigos. Os nativos que aceitavam a entrada dos invasores e de clérigos e auxiliavam a dominação eram os aliados. Havia também as tribos que permitiam serem deslocadas de suas terras originais para as missões, locais onde os índios eram catequizados pelos padres jesuítas. Estes nativos eram conhecidos como aldeados.
Estabeleceu-se também uma forte oposição entre clérigos e colonizadores laicos. Os primeiros organizavam as missões e as reduções: nelas, os índios eram educados de acordo com os padrões europeus e trabalhavam com agricultura e pastoreio. Porém, aos colonos, interessava muito mais a guerra contra os indígenas, pois esta prática garantia a obtenção de escravos. Assim , eles faziam todo o possível para restringir o trabalho dos jesuítas. Essa oposição esteve fortemente presente durante quase todo o período colonial. Porém, apesar dela, os colonizadores justificaram sua ação sobre o Novo Mundo e seus habitantes dizendo que estavam construindo naquele lugar esquecido o projeto divino da salvação das almas de todos os homens. Assim, era possível ao mesmo tempo construir um rico império colonial e ser um defensor da fé cristã. Os dois objetivos eram fundamentais para os países ibéricos (Portugal e Espanha).
Naturalmente, é preciso ver a relação entre portugueses e indígenas sob as duas óticas. Afinal, há muito de positivo nas trocas culturais e nesse encontro entre dois mundos, para ambos os lados. Não podemos fazer dos portugueses os grandes vilões da História e dos índios suas vítimas inocentes. Nenhum dos lados foi totalmente bom ou totalmente mau, pois o ser humano não consegue ser apenas uma coisa ou outra. Somos uma mistura de coisas boas e más, e as situações históricas refletem isso. Não há, em momento nenhum da História, bandidos ou mocinhos, algozes ou vítimas. Muito provavelmente o uso de tanta violência contra os indígenas e a imposição de uma nova cultura poderiam ter sido evitados; porém, o Brasil que temos hoje, com tribos indígenas e seus costumes praticamente em extinção, é resultado da miscigenação que começou nesse encontro.

Um comentário:

  1. legal compartilho com povos índigenas são pobres como nós coitados caçam ñ compram

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