MANUEL VITORINO PEREIRA: Nasceu em 30 de janeiro de 1853 em Salvador, Bahia, no mesmo prédio onde funcionava a oficina de marcenaria de seu pai, na Rua da Preguiça, que hoje leva seu nome. Filho de: José Vitorino Pereira e Dª Carolina Maria Franco Pereira. Manuel Vitorino teve uma infância pobre. Embora seu pai tivesse um estabelecimento bastante conhecido e em crescimento, não era um homem rico. Assim, at5é os 14 anos de idade, não pode iniciar os estudos de forma regular, como já haviam feito alguns de seus irmãos, ajudou o pai na oficina, além de estudar com eles, preparando-se para mais tarde. Após o expediente na marcenaria, dedicava-se a estudar à luz de candeeiro de querosene. Começou a freqüentar aulas particulares noturnas com professores que preparavam candidatos à Faculdade de Medicina. Em dois anos, estava apto a prestar os exames. Aos 15 anos, tendo adquirido com muito esforço e dedicação um preparo preliminar, fez os exames gerais preparatórios, de série integral, no Ginásio da Bahia. Aprovado com distinção, conseguiu matricular-se, logo depois, na Faculdade de Medicina daquela Província. Além de aluno aplicado, tinha uma extraordinária capacidade de memorização, não esquecendo nada do que aprendia. Em 1876, aos 23 anos, concluiu com distinção o curso de medicina. Já exercia a profissão em consultório próprio e de professor da Faculdade de Medicina da Bahia, quando se casou, em 1881, com Dª Maria Amélia da Silva Lima Pereira. Tiveram oito filhos: José, Dionísio, Álvaro, Mário, Alice, Edgard, Carlos e Manuel. Pouco depois de formar-se, passou a exercer a profissão como clínico geral e cirurgião. Ganhou renome nacional e internacional ao publicar vários artigos em revistas especializadas, inclusive no exterior, tendo sido colaborador da ‘Gazeta Médica da Bahia’, revista de grande prestígio, fundada por seu sogro. Atuou como jornalista no ‘Diário da Bahia’. Com pouco tempo de formado, prestou concurso para professor substituto de Ciências Médicas na mesma faculdade em que se formara. Obteve o primeiro lugar e ficou com o cargo. Pouco depois, ficava com a vaga de professor de Clínica Cirúrgica, conquistando-a novamente em concurso. Era grande ativista da propaganda republicana, na qual fazia parte como orador. A idéia dos republicanos baianos era que Virgílio Clímaco Damásio fosse empossado como chefe de governo. O plano foi comunicado a Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, que concordou com a aclamação, mas indicou o nome de Manuel Vitorino. Ao ter notícia da proclamação do novo regime e de sua indicação, Manuel Vitorino comunicou-se imediatamente com o presidente da Província, Almeida Couto, que se recusou a entregar o posto. Manuel Vitorino não esteve presente na cerimônia junto ao Forte de São Pedro por dois motivos: por se recusar a tomar posse em um quartel e por não se considerar um “republicano histórico”. Como os demais republicanos, acreditava que o nome de Damásio, seu colega como professor na Faculdade de Medicina, seria o mais indicado. Telegrafou no mesmo dia às lideranças do Rio de Janeiro comunicando o seu ponto de vista. No dia 17 de novembro, o marechal comandante das armas tomou conhecimento da adesão de praticamente todas as regiões ao movimento liderado por seu próprio irmão e decidiu-se por aderir à República. Imediatamente, Almeida Couto abandonou o Palácio da Vitória, residência oficial dos governantes baianos. Às 16 horas do mesmo dia, repetiu-se a solenidade de aclamação da República no mesmo local do dia anterior, a praça defronte ao Forte de São João, que foi batizada com o nome de ‘Praça da Aclamação’. Os republicanos baianos insistiam em nomear Damásio interinamente como chefe de governo, o que aconteceu, com sua posse no dia 18 de novembro, na Câmara Municipal, que já aderira à República. Na capital, Rui Barbosa não abria mão da indicação de Manuel Vitorino, e manda um telegrama de próprio punho do marechal Deodoro, mandando empossar e reconhecer Manuel Vitorino no governo por considerá-lo mais moderado, em detrimento de lideranças mais radicais. A ordem foi cumprida no dia 23 de novembro, tendo sido mantido Damásio como vice. Vitorino não ficou muito tempo no posto. A oposição conservadora se mobilizou e o obrigou a renunciar meses depois, em abril de 1890. Assumiu em seu lugar o marechal Hermes Ernesto da Fonseca. Em 1892, quando assumiu como primeiro governador eleito pelo voto direto, o Sr Joaquim Manuel Rodrigues Lima, quem fez a saudação de posse foi Manuel Vitorino. Fazendo campanha para o Senado, como previa a Constituição Republicana de 1891, Vitorino foi eleito com facilidade, em 27 de junho de 1892, formando com Rui Barbosa a bancada de representantes da Bahia e substituindo o conselheiro José Antônio Saraiva, que renunciara ao mandato. Em 1º de março de 1894, Manuel Vitorino foi eleito vice-presidente da República em chapa com Prudente de Moraes, nas primeiras eleições diretas para o cargo, tomando posse em 15 de novembro do mesmo ano. O governo de Prudente de Moraes sofria ataques constantes dos republicanos que desejavam alterar o eixo do poder, e Manuel Vitorino era um deles e não tinha uma boa relação com o presidente Prudente de Moraes. Não demorou muito para o vice romper com o presidente, definitivamente e Vitorino passou a integrar o setor dissidente do Partido Federal Republicano (PFR). A oportunidade de assumir o papel principal de comandante supremo do país surgiu quando no dia 8 de novembro de 1896, Prudente de Moraes decidiu retirar-se para Teresópolis (RJ), para fazer tratamento de sua saúde, com problema de cálculos renais. No dia 10, Vitorino assumia a Presidência da República. Chegando ao Palácio Itamaraty, foi recebido pelo coronel Mendes de Moraes, da Casa Militar, que lhe entregou a renúncia ao cargo, pedindo demissão coletiva sua e de seus auxiliares, por não aceitar a posse de Vitorino no lugar de Prudente de Moraes. O presidente em exercício achava que governaria até o fim do mandato, e começou a fazer mudanças, inclusive transferindo a Presidência para o Palácio do Catete, onde, em 3 de março de 1897, Prudente de Moraes surpreendeu a todos com seu retorno. No dia 4 de março, desgastado com Prudente e com o partido, com a popularidade em baixa, Manuel Vitorino voltava à Vice-Presidência da República. Na comemoração da vitória dos soldados sobre o Arraial de Canudos, numa recepção que os militares haviam preparado com a presença do Presidente Prudente de Moraes, houve um atentado ao presidente feita por um soldado, e essa ação levantou suspeita contra Manuel Vitorino. O episódio representou a redenção de Prudente de Moraes e o ocaso político de Manuel Vitorino. No dia 15 de novembro de 1898, terminou o mandato de Manuel Vitorino Pereira na Vice-Presidência. Havia decidido não mais participar da vida pública, mas dedicar-se ao jornalismo e à medicina. Poucos dias depois, embarcou para a Europa a fim de estudar os avanços científicos e tecnológicos em sua área, especialmente no campo da cirurgia. Em seu regresso ao Rio de Janeiro, voltou a trabalhar como médico e jornalista, atuando nos jornais ‘O Dia’, ‘O Paíz’ e ‘Correio da Manhã’. Em 1900, viajou novamente para a Europa, permanecendo por lá por seis meses. Manuel Vitorino Pereira faleceu no dia 9 de novembro de 1902, no Rio de Janeiro. Vinha se sentindo indisposto há alguns dias, chegando a se sentir mal na rua. Ao entrar em casa, recolheu-se a seus aposentos e não deixou que chamassem os médicos: automedicando-se. Ao piorar, pediu a presença do Dr. Moura Brasil, que o atendeu rapidamente, pois estava de viagem marcada. Foi então tratado pelos médicos Barbosa Romeu, Rocha Faria, Adolpho Hasselmann, Barros Barreto, Frwanklin de Faria e Guedes de Mello, aos quais afirmava não adiantar tratar-se, pois sabia que sua hora havia chegado. Às sei horas da manhã, pediu a presença do padre Benjamin, da paróquia da Glória. Depois chamou os filhos e pediu que não odiassem ninguém, que ele morria sem rancores, e que queria ser enterrado ao lado dos pais, na Bahia. Em parte de seu discurso, dizia: (...) “A solução dada ao grande problema político não fez vítimas, não derramou lágrimas, não cobriu de luta, e esta, a maior e a mais humana das glórias da ditadura, também foi glória tua! (...) Em síntese rápida e imperfeita, rememoro os teus serviços: inútil seria recordá-los mais detidamente. Este imenso e seleto auditório que aqui se acha é a Bahia que vem, ainda uma vez, sagrar-te o nome e as glórias. (...)
Manuel Vitorino
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil Editora Rio.
FONTE: http://institutohistoriar.blogspot.com/2008/08/srie-presidentes-do-brasil_25.html
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