quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

MANUEL FERRAZ DE CAMPOS SALLES

MANUEL FERRAZ DE CAMPOS SALLES: Nascido no dia 13 de fevereiro de 1841 na vila de São Carlos, em Campinas. Filho de Francisco de Paula Salles e Dª Ana Cândida Ferraz de Campos e tinha mais dez irmãos. Muito inteligente e aplicado nos estudos, o pai cogitava em não colocá-lo nos trabalhos da lavoura. Incentivado pelo irmão mais velho e pelo primo de seu pai de nome Malaquias Rogério de Salles Guerra, (negociante), que aos 15 anos, o jovem Campos Salles foi estudar na Capital. As aptidões do pequeno Manuel começaram já na cartilha, e foram seguidas de perto pelo seu professor, João Batista Pupo de Moraes. Começou o aprendizado de francês e latim no internato de Quirino do Amaral Campos, responsável por sua educação, tendo o professor Vicente Mamede de Freitas como responsável pela preparação do jovem Manuel para ingressar no famoso colégio Culto à Ciência, de Campinas. Em São Paulo, para onde se transferiu com o objetivo de se preparar para a Faculdade de Direito, a curiosidade de Manuel não encontrou limites. Estudava: filosofia, retórica, latim, francês, inglês, geometria, história, literatura, tudo que lhe interessava. Em 1859, com 18 anos, Campos Salles, começou o primeiro ano na faculdade. Eram seus colegas de faculdade: Teófilo Carlos Benedito Ottoni, Prudente José de Moraes Barros, Francisco Rangel Pestana, Artur César Guimarães, Francisco Quirino dos Santos e Paulo Emílio de Salles Eiró. Mudou-se então, da casa de seu tio Malaquias para uma república e passou na faculdade com nota máxima e tornara-se um excelente orador. Quando já estava no terceiro ano na faculdade, fundou junto com Quirino dos Santos e Belfort Duarte o Jornal “A Razão”. Em dezembro de 1863 fechava os estudos com nota máxima na faculdade. De volta a Campinas já formado, Campos Salles encontra-se com sua prima-irmã paterna, Ana Gabriela da Costa Salles, da qual se apaixona e a desposa, tendo com ela dez filhos: Adélia, Vítor, José Maria, Maria Luisa, Helena, Manuel, Sofia (morta aos 10 meses), Leonor, Sofia e Paulo. Começava então as atividades jurídicas o Dr. Manuel Ferraz de Campos Salles, no ano de 1863. Em 1867, já estava filiado ao Partido Liberal, pelo qual se elegeu deputado provincial no ano seguinte e, mais tarde, em 1870, muda-se para o Partido Republicano. Em 1872, foi eleito vereador em Campinas e, no ano seguinte, participou da fundação do Partido Republicano Paulista (PRP) na ‘Convenção de Itu’, realizada em 18 de abril de 1873. No ano de 1881, fez um trabalho eleitoral com seus companheiros de chapa, tentando as eleições de 31 de agosto, porém, sem obter sucesso. No entanto, nas eleições de 04 de novembro daquele mesmo ano, para a Assembléia Provincial, Campos Salles elegeu-se deputado para o biênio 1882-1883. No ano seguinte, ele e Prudente de Moraes foram eleitos para a Câmara Geral dos Deputados. Durante o governo de Deodoro da Fonseca, exerceu, no Rio de Janeiro, a pasta da Justiça no Governo Provisório, aproveitando para reformular o Código Penal e, depois, em 1891, pediu demissão do cargo. Em 1892, Campos Salles fez uma demorada viagem à Europa, levando com ele toda a família. Três anos se passaram até que, em 1896, Campos Salles fosse eleito Presidente da Província de São Paulo. No dia 1º de março de 1898, Manuel Ferraz de Campos Salles recebeu 420.286 votos, contra os 30.929 do concorrente, Lauro Sodré. Para a Vice-Presidência, com 412.074, elegeu-se Rosa e Silva. Quando assumiu, Campos Salles disse a célebre frase: “Muito terá feito pela República o governo que não fizer outra coisa senão cuidar de suas finanças”. Durante seu mandato, tinha como objetivo a regularização do estado financeiro e a estabilidade política do país. O País vivia momentos conturbados e, tentando restabelecer a confiança externa, o presidente arrumou as malas e partiu para a Europa, aproveitando uma licença de sete meses concedida pelo Congresso. No dia 20 de abril de 1898, partiu de navio, fazendo visitas em Roma ao Papa Leão XIII, que lhe deu de presente uma medalha de ouro de Nossa Senhora do Rosário. Conseguiu suspender os juros dos empréstimos internacionais, mas, em contrapartida, teria que contrair um novo empréstimo para o Brasil, o que certamente contribuiu para o endividamento. No dia 15 de novembro de 1898, assumiu seu posto na Presidência, num momento em que o Estado e o país viviam sob forte crise. Com seus objetivos traçados, começou uma gestão criando e elevando impostos, como a Lei do Selo (taxação sobre circulação de mercadorias), sendo por isso chamado de “Campos Selos”. As críticas dos comerciantes do Rio de Janeiro foram tão contundentes, que seu ministro Joaquim Duarte Murtinho, pediu demissão. Seguindo em frente com sua política e persistência, Campos Salles conseguiu que o Brasil recuperasse seu crédito internacional. Outra iniciativa do presidente foi a criação de um Código Civil para o país. O projeto do Código Civil, criado por Campos Salles, entregue em 10 de novembro de 1900, só seria sancionado dezesseis anos depois, no governo de Wenceslau Braz, em 1º de janeiro de 1916. Salles criou a pouco simpática Lei Orgânica do Ensino. Antes da lei, alunos não eram obrigados a freqüentar as aulas nas escolas superiores, e por isso tinham tempo suficiente para outras ocupações remuneradas, não se formando com a capacidade adequada. Quando a lei pôs fim a essa liberdade, as críticas desabaram sobre o presidente e sobre seu ministro, Epitácio Pessoa. Campos Salles também resolveu a questão de fronteira com a Guiana Francesa e deu início às negociações com a Bolívia para solucionar a chamada “questão do Acre”. Tinha por meta garantir o prestígio dos governantes dos Estados – os deputados e senadores, estabelecendo que só por meio deles o governo federal iria aproximar-se dos governadores, no que estes passaram a apoiar o presidente, causando com isso a formação de grupos fechados de poder (as chamadas oligarquias estaduais), configurando, assim num quadro eleitoral completamente fraudulento e cínico, tornando daí numa sufocação de outras forças locais e todas as formas de críticas. Com essa artimanha e com o aumento da quantidade de parlamentares é que foi alcançando o crescimento político para Minas Gerais e São Paulo. Ao passar o governo ao seu sucessor, Campos Salles era duramente criticado, tanto que em 25 de outubro de 1902, poucos dias antes de passar o cargo, uma publicação do Jornal “O Malho”, dizia: “O Dr. Campos Salles visitou ontem a estátua de José de Alencar, para se acostumar à frieza com que vai ser tratado”. Tinha 61 anos quando passou o cargo ao amigo Rodrigues Alves e tinha uma aparência de velho e cansado, tinha os olhos mortos e com muitas olheiras, bigode e cavanhaque totalmente esbranquiçados. Estava empobrecido quando saiu do governo: sua fazenda no Banharão estava hipotecada e precisou do auxílio de um embaixador especial em Buenos Aires para manter a propriedade. Em 1909, perdoado pelos paulistas, Campos Salles foi eleito pela cidade de São Paulo para o Senado. No dia 28 de junho de 1913, com 72 anos, morreu Manuel Ferraz de Campos Salles em São Paulo. Estava na Praia do Guarujá, era sexta-feira, passara a tarde caminhando pela areia. Depois do jantar, subiu as escadas lentamente, acompanhado de sua mulher Ana Gabriela, quando sentiu-se mal. Fora uma leve dormência nas pernas e nos braços, vindo a morrer no meio da madrugada. Parte do seu discurso: “Ao assumir o governo da República eu compreendi a grave responsabilidade desta investidura. Cumpristes o vosso dever e eu vos asseguro que não deixarei perecer o vosso trabalho. Não suspendi uma só garantia, nenhuma só liberdade foi violentada. Desapareceu o alarma das regiões do poder e cessou, conseqüentemente, o regime inquietador das prontidões. Os clamores que injustamente se levantaram contra a autoridade tiveram formal contradita, antes de tudo nos próprios fatos e depois na calma firmeza de minha conduta tolerante.” [...]

Campos Salles

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.



FONTE: http://institutohistoriar.blogspot.com/2008/08/srie-presidentes-do-brasil_31.html

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