quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Terceiro membro da Junta Governativa Provisória JOSÉ ISAÍAS DE NORONHA

JOSÉ ISAÍAS DE NORONHA:
(Terceiro membro da Junta Governativa Provisória)
Nasceu no dia 06 de junho de 1873, no Rio de Janeiro, então Município Neutro. Filho de Manuel Muniz de Noronha e Zulmira Augusta Aguiar Noronha. Filho de um oficial do Exército que, na data de seu nascimento, era comandante do Forte São João, na Urca, bairro do Rio de Janeiro, Isaías cresceu em ambiente militar, vendo o pai sempre fardado e dando ordens aos homens que com ele serviam. Apesar do ambiente militar e dos soldadinhos de chumbo que sempre ganhava, o que o futuro almirante gostava mesmo era dos passeios marítimos. Dessa sua paixão, passou à regata. Aos 14 anos, convenceu o pai a lhe dar autorização para que ingressasse no curso preparatório da Marinha. Em março de 1887, matriculou-se no curso preparatório para a Escola Naval. Depois da preparação em sala de aula, teve sua primeira atividade no mar a bordo da corveta ‘Niterói’. Os enjôos dos primeiros dias quase o fizeram desistir da carreira, mas persistiu e descobriu que realmente adorava a vida de marinheiro. Há poucos detalhes sobre a educação de Isaías de Noronha, que se deu em período conturbado da vida brasileira. Em dezembro de 1889, mês seguinte à instauração da República no país, passou a aspirante de primeira classe. Em 1892, com 19 anos chegou a guarda-marinha. Nesse tempo, ainda no terceiro ano do curso superior, fez uma visita ao almirante Tamandaré. Em julho de 1894, passou a fazer parte da tripulação do cruzador ‘Andrada’ e, em novembro do mesmo ano, foi promovido a segundo-tenente. Em janeiro de 1895, transferiu-se para o brigue ‘Recife’, no qual serviu por dois anos. Em dezembro de 1896, foi promovido a primeiro-tenente e, em janeiro do ano seguinte, incorporado à tripulação do cruzador ‘15 de Novembro’. No mesmo ano, em dezembro, tornou-se ajudante da Diretoria de Hidrografia, na Repartição da Carta Marítima. Em março de 1898, recebeu o comando do ‘Lamego’, do qual se transferiu em junho para o ‘Trindade’ (duas embarcações da Marinha para transporte de pessoas). Isaías de Noronha casou-se em 1899, aos 26 anos, com Neréa Antonieta de Noronha, prima de sua mãe. O casal teve oito filhos: Armando, Fábio, Raul, Oswaldo, Roberto, Olga, Lucíola e Isaura. De janeiro de 1899 e novembro de 1902, Isaías de Noronha foi ajudante-de-ordens dos comandantes da 3ª e depois da 1ª Divisão Naval. Foi promovido a capitão-tenente em janeiro de 1906. Foi designado para servir no encouraçado ‘Riachuelo’ como instrutor de artilharia. De outubro de 1907 a abril de 1909, atuou na Inspetoria de Portos e Costas. Em maio de 1909, já como capitão-de-corveta, foi designado como imediato para o navio-escola ‘Benjamin Constant’. Mais uma transferência no ano seguinte, em março, dessa vez para o cruzador ‘Tamandaré’, no qual serviu como imediato até julho, quando se tornou comandante interino do contratorpedeiro ‘Piauí’. No final de 1910, Isaías de Noronha deixou o comando do ‘Piauí’, sendo nomeado chefe da Diretoria de Faróis da Superintendência de Navegação, na qual ficou de janeiro a outubro de 1911, quando foi designado para o comando do contratorpedeiro ‘Sergipe’. Entre 1912 e 1913, incorporou-se à terceira seção do Estado-Maior da Armada (seção que cuidava das operações), passando a trabalhar na Defesa Móvel do Rio de Janeiro. Promovido a capitão-de-fragata, assumiu o comando do cruzador ‘República’, nele permanecendo até 1915, quando passou a chefiar a segunda seção do EMA. Em 1916, voltou a comandar uma embarcação, o vapor ‘Carlos Gomes’, até julho, quando assumiu a chefia da terceira seção, na qual já trabalhara anteriormente. Pouco tempo depois, passou a comandante do cruzador ‘Barroso’, voltando em 1917 à chefia da segunda seção do EMA. No início de 1922, completou o curso da Escola de Guerra Naval, instituição para a qual foi nomeado vice-diretor em fevereiro, exercendo as funções até dezembro, quando passou a dirigir o Depósito Naval do Rio de Janeiro. Em 1923, foi promovido a contra-almirante, sendo nomeado diretor da Escola Naval, ali permanecendo até 1927, ocasião em que se tornou comandante-em-chefe da esquadra, cargo do qual foi exonerado em 1928. Logo depois, como candidato de oposição, foi eleito presidente do Clube Naval. Isaías de Noronha jamais concorreu a uma eleição político-partidária. Mas teve grande participação na vida nacional, seja pela extensa e vitoriosa carreira militar, seja pelos acontecimentos de outubro de 1930. Com o apoio de seus companheiros da Armada, Isaías de Noronha integrou a Junta Governativa Provisória em 24 de outubro, passando a acumular também o cargo de ministro da Marinha. No dia seguinte, a Junta enviava um comunicado ao Supremo Tribunal Federal sobre sua instalação. Em 03 de novembro de 1930, Getúlio Vargas tomou posse como Presidente, formando o Governo Provisório. Instalado Getúlio Vargas no poder, Isaías de Noronha foi mantido no Ministério da Marinha. Juntamente com outros membros do governo, enviou telegrama a Olegário Maciel, governador mineiro, sugerindo a formação da Legião de Outubro, visando aprofundar as medidas “revolucionárias”. Como ministro, opôs-se à reforma de vários oficiais da Marinha, conforme desejava o presidente da República, especialmente para abrir novas vagas. O ministro argumentou que, na Marinha, não houvera problemas disciplinares como os ocorridos no Exército, não existindo base legal para implementar tais aposentadorias. Além disso, a reforma atingiria de imediato o almirante Matos, que ele acabara de nomear como chefe do Estado-Maior da Armada. Ante a insistência do Presidente, José Isaías de Noronha pediu exoneração do cargo. Em janeiro de 1931, foi promovido a vice-almirante. Em junho do mesmo ano, voltou a ser eleito presidente do Clube Naval. Apesar de ter renunciado ao cargo em 1932, alegando que se transferia para a reserva, foi sucessivamente reeleito até 1937, ano em que Getúlio Vargas instaurou o regime ditatorial do Estado Novo. Passou para a reserva em 06 de julho de 1941. José Isaías de Noronha morreu no Rio de Janeiro aos 90 anos de idade, em 29 de janeiro de 1963. Foi o comentário de Amaral Peixoto, político e ex-aluno da Escola Naval: “O almirante Isaías de Noronha, um exemplo para todos nós. Impecável em seus uniformes, sereno, enérgico, sem jamais alterar a voz, ele se interessava por tudo, acompanhando a formação cultural e militar do futuro oficial. Da janela de seu gabinete, olhando o pátio da escola, assistindo às formaturas ou à chegada dos professores e dos aspirantes, ele controlava tudo, sempre com uma postura militar imperturbável”.

Isaías de Noronha

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

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