quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

NILO PROCÓPIO PEÇANHA

NILO PROCÓPIO PEÇANHA:Nasceu no dia 02 de outubro de 1867, na Fazenda do Desterro, no limite com o Espírito Santo, município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, filho de Sebastião de Sousa Peçanha e Joaquina Anália de Sá Freire Peçanha. Nilo Peçanha ou o “Menino da Padaria”, como era conhecido (devido ao seu pai ter um comércio de padaria), viveu seu início de vida num sítio em Morro do Coco, onde cresceu ouvindo histórias da negra Delfina, que falava do sofrimento dos escravos. Quando chegou à idade escolar a família se mudou para Campos, onde Nilo foi matriculado no Liceu de Humanidades de Campos, situado na Rua do Sacramento nº 18, (onde acabara se ser fundado), demonstrando com sua facilidade em aprender que sua mãe já o havia iniciado nas letras, pois já tinha um grande domínio sobre o alfabeto. A padaria de seu Sebastião era um ponto de encontro de políticos da região e onde o pequeno Nilo gostava de ficar para ajudar o pai e para acompanhar as discussões partidárias. No balcão da padaria, redigiu o primeiro e único exemplar do jornal “A República”. No editorial minúsculo do pequeno jornalista, lia-se: “Escravidão é martírio, império é velharia. Dentro de poucos anos ambos serão arrasados”. Seu Sebastião sempre incentivava o jovem Nilo, a ponto de tirar um pedaço do balcão, na reforma da padaria e mandar fazer uma mesa que seria usada durante muito tempo pelo jovem Nilo. Após um ano de estudo, Nilo foi para o Colégio Alberto Brandão, no Rio de Janeiro, a capital do Império, onde concluiu o curso de Humanidades. Depois disso, preparou-se para cursar a Faculdade de Direito. Primeiro estudou em São Paulo e depois em Recife. Antes de seguir para a Faculdade de Recife, Nilo distribuiu panfletos de conteúdo veemente contra a escravidão e o regime monarquista, no qual dizia: “A República e a abolição são irmãs Gêmeas. Precisamos desde já, organizar o nosso povo. Fora a covardia, o temor, a moleza”. Enfim, chegou à Faculdade do Recife já com vinte anos de idade. Numa viagem de trem de Campos para o Rio de Janeiro, o jovem Nilo conheceu e de apaixonou perdidamente por uma jovem de nome Anita Castro Belisário de Sousa, com a qual se casou no dia 06 de dezembro de 1895, na Rua São Clemente, e o ato religioso deu-se na Igreja São João Batista. Anita foi de grande valor para Nilo, tanto em sua vida pessoal, quanto política. Do seu casamento tiveram três filho: Nilo, Zulma e Mário (que morreram cedo). Em 1888, formado, voltou para Campos para dedicar-se à advocacia. No mesmo ano, foi um dos fundadores do Clube Republicano de Campos, do qual foi presidente, bem como do Partido Republicano. Após a instauração do regime republicano em 15 de novembro de 1889, Nilo intensificou sua atividade político-partidária e foi eleito deputado, participando da Assembléia Constituinte responsável pela primeira Constituição republicana de 1891. Foi eleito em sucessivos pleitos e em 1903 foi eleito para deputado federal, quando assumiu uma cadeira no Senado. Em 1903, renunciou à sua vaga na Câmara Alta para assumir a Presidência do Estado do Rio de Janeiro, que exerceu até 1906. Neste ano, foi eleito Vice-Presidente de Afonso Pena. Em 1909, devido à morte de Afonso Pena, Nilo Peçanha tornou-se Presidente da República. Nilo estava com 42 anos ao assumir a Presidência da República, e não era visto com bons olhos por ser o primeiro presidente civil que não pertenceu aos setores regionais dominantes (São Paulo e Minas Gerais). Em seu governo recriou o Ministério da Agricultura, órgão que aglutinou os grupos regionais dissidentes. Introduziu importantes alterações no funcionamento do estado, o que representou uma obra de grande alcance. Criou Lei permitindo, pela primeira vez, o trabalho feminino nas repartições públicas. Criou o Imposto Territorial, criou o Ensino Técnico-profissional (com as Escolas de Aprendizes de Artífices), o Serviço de Inspeção Agrícola, a Diretoria da Indústria Animal, a Diretoria de Meteorologia e o Serviço de Proteção ao Índio. Além disso, foram reorganizados o Jardim Botânico, o Museu Nacional e a Junta Comercial. Ajudou no desenvolvimento da Estrada de ferro Leopoldina, que adquiriu os troncos ferroviários: de Cantagalo, de Campos dos Goytacazes e um que partia de São Francisco Xavier, na cidade do Rio de Janeiro, que seguia pela Baixada e pela Serra da Estrela até o Vale do Paraíba, ampliando também os trilhos até ao Cais do Porto do Rio de Janeiro, e no interior do Estado, ampliando a concessão para passar em Niterói e Cabo Frio. No dia 15 de novembro de 1910, passou o cargo ao vencedor das eleições, o marechal Hermes da Fonseca. Encerrado o mandato de presidente, Nilo Peçanha viajou com a mulher para a Europa e lá permaneceu até 1912. No ano seguinte, publicou seu primeiro livro, “Impressões da Europa”. Assim que voltou da viagem foi eleito senador, onde permaneceu até 1914. Neste ano (do início da Primeira Guerra Mundial), conseguiu eleger-se Presidente do Rio de Janeiro pela segunda vez, cargo que ocupou até 1917. Assumiu, no dia 07 de maio, o Ministério das Relações Exteriores durante o governo de Wenceslau Braz. Em 15 de novembro de 1918, Nilo Peçanha deixou a chancelaria, com o fim do governo de Wenceslau Braz, sendo substituído por Domício da Gama, que havia comandado a participação brasileira nas negociações do Tratado de Versalhes. No mesmo ano, retornou ao Senado, no qual permaneceu até 1920, quando empreendeu nova viagem à Europa, de lá só retornando em 1921 para disputar sua última eleição. Fazia algum tempo o senador e ex-presidente não se sentia bem. No dia 19 de março de 1924, como piorasse, foi internado para um tratamento mais adequado na Casa de Saúde São Sebastião, no Rio de Janeiro. No dia seguinte, os médicos Miguel Couto, Maurício Gudin, Henrique Duque, Carvalho Azevedo e Justino Menezes, após exames, decidiram submetê-lo a uma cirurgia, que foi iniciada pelo Dr. Gudin no dia 22, mas não pôde completá-la, pois o paciente se achava muito fraco. Apesar de todas as tentativas de tratamento, Nilo Peçanha não resistiu. Eram quatro horas da tarde, segundo o jornal “Correio da Manhã”, quando faleceu o ex-presidente Nilo Procópio Peçanha. Foi parte do seu discurso de posse na Presidência da República: “(...) Ninguém melhor do que eu compreendia a delicadeza da situação. A veneração que sempre tributei àquele a quem, de súbito tenho de suceder, o reconhecimento dos seus altos serviços do País, e o que me faltava de experiência para as responsabilidades do Governo, aumentavam o peso que me caía sobre os ombros, e que eu só poderia suportar com a colaboração dos mais capazes, o bom senso e as simpatias da Nação. O meu primeiro pensamento é dar ao País a segurança da instabilidade em que ele repousava, e foi assim que empreguei os maiores esforços para que se conservassem comigo todos os ministros escolhidos pelo meu honrado antecessor. Só de dois logrei essa cooperação que eu tanto encarecia e tão útil me virá a ser; aos demais dei todas as provas de consideração que mereciam e que estava em minhas mãos tributar-lhes. Estou certo de que esse procedimento deu à Nação confiança nos meus intuitos, e folgo aqui consignar que de todos os órgãos da opinião, recebi manifestações de aprovação pelo modo por que supri a falta daquela colaboração que solicitei, indo pedir a outros as luzes de que carecia para desempenho da minha missão. O meu fim foi cercar-me de ministros, cuja capacidade especial para cada ramo da administração mostrasse ao País que a minha preocupação principal era consagrar o resto do quatriênio ao estudo das questões da administração, e que eu punha os interesses dessa ordem acima de outras quaisquer aspirações que no momento pudessem apaixonar o espírito público (...)”.

Nilo Peçanha

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.
FONTE: http://institutohistoriar.blogspot.com/2008/09/srie-presidentes-do-brasil_21.html

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