quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

FRANCISCO DE PAULA RODRIGUES ALVES

FRANCISCO DE PAULA RODRIGUES ALVES: Nasceu em 07 de julho de 1848 na Fazenda de Pinheiro Velho, em Guaratinguetá, Estado de São Paulo. Filho de Domingos Rodrigues Alves e Dª Isabel Perpétua e Silva. Filho de ricos proprietários de terra, Rodrigues Alves teve uma meninice calma e despreocupada, vivendo até os 11 anos dividindo as brincadeiras com os irmãos mais velhos, que consistia em soltar pipa e caçar passarinhos no quintal de sua casa ou na fazenda do avô materno. Logo após completar os 11 anos, foi pro Rio de Janeiro para estudar com o professor Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro, estudava também matemática com Saturnino Soares de Meireles, francês com João Francisco Halbout e Batista Caetano de Almeida Nogueira, grego e alemão com o barão de Tautphoeus, (professor do próprio imperador), e história com o romancista Joaquim Manuel de Macedo. Os pais de Rodrigues Alves viam como obrigação moral que ele estudasse no Colégio Pedro II, que era considerado como uma referência em educação. O título de bacharel em Letras era conseguido após sete anos de estudos e se dividia em duas partes: nos quatro primeiros anos, os alunos cursavam português, francês, inglês, latim, religião, moral, aritmética, álgebra, geometria, trigonometria, geografia, história geral e do Brasil, ciências naturais, desenho, música, dança e ginástica. Os três últimos anos eram dedicados aos estudos mais avançados de latim, grego, alemão, geografia, história, italiano, filosofia, ética e retórica. O jovem Rodrigues Alves tirou nota máxima em quase todas as disciplinas. Em 1865, com 17 anos, o bacharel em Letras seguiu para São Paulo para conseguir seu diploma de bacharel em Direito. Durante o curso de Direito, Rodrigues Alves manteve-se em destaque como um dos mais ativos estudantes. O jovem bacharel enamorou-se de sua prima-irmã Ana Guilhermina de Oliveira Borges, filha de José Martiniano de Oliveira Borges e de Guilhermina Cândida de Oliveira Borges, e no dia 11 de setembro de 1875 se casavam em casa da mãe da noiva, em Guaratinguetá, e dessa união, nasceram oito filhos: Ana, Francisco de Paula, Oscar, José de Paula, Maria, Celina, Zaíra e Isabel. O bacharel Rodrigues Alves optou pela carreira no Ministério Público e, em 1878 elegeu-se para a Assembléia Provincial pelo Partido Conservador. Passado um longo período de recolhimento e preparação de suas bases eleitorais, entrou para a Câmara dos Deputados em 1885, com 37 anos de idade. Foi sua primeira incursão, como político, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, foi eleito presidente da Província de São Paulo e assumindo o cargo, permaneceu nele de 1887 a 1888, sempre integrando o Partido Conservador. Tornou-se membro do Conselho de Estado em 1888 e assistiu à Proclamação da República, iniciando seus trabalhos como constituinte, de 1890 a 1891. No governo de Floriano Peixoto, foi convidado a assumir o Ministério da Fazenda, mesmo convite feito, no governo de Prudente de Moraes, em razão da confiança que inspirava a todos. Entre um governo e outro, Rodrigues Alves entrou para o Senado Federal e, em 1900, voltou para a cadeira de presidente do Estado de São Paulo, cargo que exerceu até 1902. Sendo indicado por Campos Salles, como seu futuro sucessor, por ser considerado por este como o único candidato com qualidades para dar continuidade ao reerguimento econômico do país, Rodrigues Alves foi eleito, sendo usado pela primeira vez o processo de votação que seria por um bom tempo a nova forma de se eleger o presidente no país: a “política dos governadores” ou “dos Estados”, como preferia o presidente (os representantes de todos os Estados do Brasil reuniam-se e votavam nos candidatos apresentados). Disputavam o pleito, assim como Rodrigues Alves, Quintino Bocaiúva e Ubaldino Amaral. O resultado, em 1º de março de 1902 mostrava Rodrigues Alves eleito com 592.039 votos. Quando desembarcou no Rio de Janeiro, um mês antes de tomar posse, tinha 54 anos e foi recebido pelo jornal “O Malho”, com o seguinte comentário: “Na estação do Campo de Santana, com suas calças cor de pinhão, com seu chapeuzinho-coco, [...] parecia simplesmente o presidente da Câmara Municipal de Guaratinguetá. O presidente eleito mostrou-se grande administrador, cercando-se de bons auxiliares, fez a cidade do Rio de Janeiro dar um grande salto de progresso, sendo até hoje lembrado pelo saneamento de toda cidade. A capital da República passou a encher os olhos do mundo, como uma cidade em desenvolvimento turístico, comercial e financeiro, parecendo na época, uma das mais modernas cidades européias. Esta explosão de desenvolvimento trouxe também um tremendo descontentamento para grande parte da população pobre, que tinha seu comércio de subsistência nas ruelas, onde havia várias casas pobres e diversos cortiços, que foram expulsos por obra de uma simples assinatura e por ações repressivas de policiais, chegando a demolir várias casas com golpes de marreta. O centro da cidade e seus bairros adjacentes passariam a ser ocupados pela elite, com suas boutiques modernas e seus cafés elegantes, empurrando aqueles mais pobres, para a periferia da cidade. Por outro lado, esta remodelação teve uma grande importância social, que foi a ação do médico, sanitarista e cientista brasileiro Osvaldo Cruz, com sua luta contra a febre amarela, que matava muita gente naquela época. A erradicação da epidemia foi bem-sucedida graças às descobertas científicas de Osvaldo Cruz e aos métodos americanos utilizados em Cuba e nas Filipinas e que, imposto pela presidência, era implantado no Brasil. Em 1906, Osvaldo Cruz já havia riscado do mapa essa doença da cidade do Rio de Janeiro e em quase todo o Brasil, com a campanha de vacinação obrigatória de 1904. No início, essa vacinação gerou uma grande revolta na população que ficou conhecida como “A Revolta da Vacina”. Vários manifestantes saiam de madrugada pelas ruas, quebrando lampiões a gás, ateando fogo em bondes e cortando fios telefônicos. Por causa deste tumulto, o presidente foi aconselhado a deixar o palácio e refugiar-se em um navio da esquadra, no que essa atitude foi repelida com a seguinte frase: “Aqui é meu lugar, e daqui só sairei morto. A cidade seria dominada pelos revoltosos e a única solução que me restaria seria a renúncia vergonhosa”. No segundo ano de mandato de Rodrigues Alves, ficou resolvida a questão diplomática com a Bolívia, tendo à frente, (com grande destaque para o barão do Rio Branco), foi incorporado o Acre ao Brasil, fazendo parte dessa negociação o compromisso da construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, estratégica para o escoamento da produção dos dois países. Foi também resolvida a questão de limites da fronteira com o Equador e com a Guiana Francesa. Quando partiu para São Paulo, no fim de seu governo, Rodrigues Alves teve o prazer de ver seu carro seguido por grande número de pessoas, de sua casa na Rua Senador Vergueiro, até a Praça da República. Rodrigues Alves realizou uma demorada viagem à Europa ao deixar o Palácio do Catete em 1906, mas não abandonou a política. Em 1909 apoiou seu amigo Rui Barbosa para disputar a presidência com o marechal Hermes da Fonseca. Em 1912, conseguiu eleger-se pela terceira vez presidente do Estado de São Paulo, e, em março de 1918, reelegeu-se presidente do Brasil. Dessa vez, porém, não chegou a tomar posse, pois caiu enfermo contagiado pela gripe espanhola, assumindo o cargo seu vice-presidente Delfim Moreira. Francisco de Paula Rodrigues Alves saneou o Rio de Janeiro e erradicou a febre amarela, mas, ironicamente, foi uma epidemia de gripe que o matou na madrugada do dia 16 de janeiro de 1919. No dia seguinte, às cinco horas da manhã, seu corpo chegou a Guaratinguetá, onde foi sepultado. Foi seu discurso no ato de posse na presidência da República: “Assumo hoje o cargo de presidente da República, para o qual tive a honra de ser eleito em 1º de março do corrente ano, e cumpro o dever de afirmar ainda uma vez à Nação o propósito de empenhar toda a minha atividade para corresponder àquela prova elevadíssima de confiança política. [...] prometo aos meus cidadãos manter no governo o mais largo espírito de tolerância, sem ódios, sem preferências injustas ou odiosas exclusões”. [...]

Rodrigues Alves

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

FONTE: http://institutohistoriar.blogspot.com/2008/09/srie-presidentes-do-brasil.html

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