quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ARTHUR DA SILVA BERNARDES

ARTHUR DA SILVA BERNARDES:

Nasceu no dia 08 de agosto de 1875, na cidade de Viçosa, Minas Gerais. Filho de Antônio da Silva Bernardes e Maria Aniceta Bernardes. Viveu modestamente como uma criança comum de uma pequena cidade do interior mineiro, como era Viçosa, começando a trabalhar muito cedo, em virtude das dificuldades financeiras da família. Até 12 anos, Bernardes estudou em Viçosa. No final de 1887, foi matriculado no tradicional Colégio da Senhora Mãe dos Homens da Serra do Caraça, a rigorosa instituição de ensino dos missionários lazaristas em Minas Gerais. Permaneceu no internato por apenas dois anos, pois a família não podia pagar. Em 1894, um decreto do presidente de Minas Gerais, Afonso Pena, passou a permitir o acesso ao externato do Colégio Mineiro por meio de concurso. Bernardes, disposto a retornar aos estudos, abandonou o emprego em Viçosa e mudou-se para Ouro Preto, onde começou a freqüentar um curso particular com o objetivo de obter os diplomas secundários e estudar para os exames preparatórios de admissão ao curso superior. Antes de terminar esses exames, matriculou-se como aluno ouvinte na Faculdade Livre de Direito. Essa estratégia permitiu que ele, vencidos os exames preparatórios, solicitasse a realização das provas finais do 1º ano de Direito em segunda época, sendo aprovado em 1897. Em 1899, transferiu-se para a Faculdade de Direito de São Paulo, onde concluiu seu curso em 1900, voltando para Viçosa já como advogado. Durante o ano de 1897, morando e estudando em Ouro Preto, alistou-se no Batalhão Patriótico Bias Fortes e compôs a diretoria do jornal “Academia”. No período entre 1899 e 1900, quando estudou em São Paulo, conseguiu emprego como revisor no jornal “Correio Paulistano”, órgão oficial do Partido Republicano. Seu domínio do idioma, do qual era sempre zeloso, valeu-lhe um lugar como professor de Latim e Português no Instituto de Ciências e Letras de São Paulo, ao qual chegou como concursado. Depois de concluir o curso de Direito, montou escritório em Viçosa, em 1900. O advogado Arthur Bernardes tinha 28 anos em 15 de julho de 1903, quando se casou com Clélia Vaz de Melo, filha do líder político Carlos Vaz de Melo. Tiveram oito filhos: Clélia, Arthur, Maria da Conceição, Dhalia, Rita, Sylvia, Geraldo e Maria de Pompéia. Ingressou na política em 1903, assumindo o comando político municipal e a direção do jornal “Cidade de Viçosa”, por conta da morte do sogro. Até chegar ao Palácio do Catete, Arthur Bernardes passou pela Presidência da Câmara de Viçosa, em 1906; foi deputado federal eleito em 1909; secretário de Finanças de Delfim Moreira na Presidência de Minas, de 1914 a 1918. Ao terminar seu mandato no governo mineiro, em 1922, saiu para assumir a Presidência da República. Tendo galgado tais postos com tanta rapidez, que ficou faltando o Senado, onde teve seu lugar assegurado como ex-presidente, seguindo a praxe da época. Entre as melhorias que implementou em Viçosa, no período em que foi secretário de Finanças, podem ser citadas: luz elétrica, rede de esgotos, calçamento de ruas, escolas e estrada de ferro. Já na Presidência do Estado, construiu a Escola Superior de Agricultura de Viçosa e fundou a Colônia Agrícola Vaz de Melo, em homenagem ao seu sogro. A Presidência da República, como diziam seus aliados, era um caminho natural da carreira política de Bernardes. De fato, já na eleição de abril de 1919, que escolheria o substituto de Rodrigues Alves, seu nome foi cogitado, mas o plano não progrediu. O nome de consenso foi o de Epitácio Pessoa. Mas no pleito seguinte, o “rodízio” do sistema café-com-leite indicava que era a vez de Minas ter um nome na cabeça de chapa, e Arthur Bernardes foi o indicado como candidato à Presidência. Dessa vez, porém, o Rio Grande do Sul se opôs e formou a “Reação Republicana”, contando com o apoio de militares, de Pernambuco, Rio de Janeiro e Bahia. Arthur Bernardes foi eleito com 466.877 votos, correspondente a 56% dos votos válidos. A posse de Bernardes não trouxe a pacificação dos ânimos. A figura do nacionalista defensor da soberania brasileira em relação ao petróleo e à Amazônia mistura-se com a do presidente que passou seus quatro anos de mandato governando sob estado de sítio. Bernardes passou por muitas crises em seu governo. A primeira veio do Rio Grande do Sul em 1923, com um conflito armado, que só acabou quando foi negociada uma solução. Em 1924, a revolta ocorreu na cidade de São Paulo, com conseqüências muito mais sérias. Militares, com o apoio da população, depuseram o presidente paulista Carlos de Campos e tomaram o poder estadual. A resposta do governo foi bruta. Forças legalistas bombardearam a cidade durante quase um mês inteiro, usando até aviões, provocando morte e destruição. Os rebeldes de São Paulo se juntaram aos gaúchos e começaram os preparativos da Coluna Prestes, e uma dor de cabeça que acompanharia Arthur Bernardes pelo resto de seu governo. No Legislativo, Bernardes reviu a Constituição e, desde sua posse, tentou aprovar uma lei de imprensa que lhe daria meios legais para controlar os veículos de comunicação e “defender-se” dos chamados crimes de injúria e calúnia. Na área social, estabeleceu a lei de férias anuais de 15 dias para comerciários, operários e bancários, e reorganizou em sistemas as caixas de aposentadoria e pensão. Símbolo das revoltas de seu governo, foi a criação da casa de detenção de Clevelândia (em plena Amazônia) apontada como “o mais tétrico dos campos de concentração da época”, e sua conivência com as prisões e os espancamentos da polícia do Rio de Janeiro, chefiada pelo general Fontoura. Com a firmeza do seu nacionalismo, deu grandes vitórias às áreas da siderurgia, como o aumento da produção de minério de ferro da Vale do Rio Doce. O mandato presidencial de Arthur Bernardes acabou. Seguindo as antigas tradições que a República havia mantido, seu lugar no Senado estava assegurado, e ele tomou posse como senador em 1927. No dia em que desembarcou no Rio de Janeiro para assumir o mandato, o ex-presidente foi agredido por uma multidão que lhe atirava todo tipo de objetos. Um grupo de estudantes o recebeu com o coro: “Presidente Clevelândia”. Era a manifestação popular contra a brutalidade do governo recém-concluído. Mas recomeçava aí sua luta em defesa dos interesses nacionais na tribuna do Legislativo, que acabou por resgatar a admiração pelo político e o levou a conseguir o apoio de antigos desafetos, como Assis Chateaubriand, e até uma convivência política com Carlos Lacerda, cujo pai havia sido preso por Bernardes. Não chegou a concluir seu mandato por causa de sua participação como chefe das forças mineiras na “Revolução de 32”. Bernardes foi preso em Minas e confinado na ilha do Rijo e, depois, no Forte do Vigia, no Leme, Rio de Janeiro, antes de partir para o exílio. Seu embarque para Portugal foi cercado pela violência. Tentativas de agressão fizeram a família subir correndo no navio. No cais, parentes e amigos que se despediam viram-se no meio de um tiroteio. De lá, continuou a se corresponder com seus correligionários. E, quando Getúlio Vargas decidiu finalmente convocar a Assembléia Constituinte em 1934, ele retornou ao Brasil a tempo de ser eleito deputado federal e participar da discussão da nova Carta Magna. Quando do golpe que instituiu o Estado Novo, Bernardes perdeu seu mandato e ficou afastado da política até a queda de Vargas, ocasião em que foi mais uma vez eleito deputado federal para uma nova Constituinte, dessa vez a de 1946, retornou à Câmara em 1950, como suplente, e em 1954 também, mandato que honrou até a véspera de sua morte. Ao final da carreira, após ter passado por todos os postos do governo, Arthur Bernardes não tinha bens materiais senão os compatíveis com economias feitas ao longo de uma vida. Analisando essa situação, Paulo Amora escreveu: “Teve nas mãos a fortuna. De consciência tranqüila e mãos limpas, morreu pobre”. Arthur da Silva Bernardes faleceu no dia 23 de março de 1955, aos 79 anos, em sua residência no Rio de Janeiro. No dia anterior, havia comparecido normalmente à Câmara, onde presidiu a reunião da comissão especial sobre o petróleo. Mais tarde, queixando-se de dores em uma das pernas, perdendo o equilíbrio. Era o primeiro infarto. Logo que recobrou a consciência, Bernardes pediu à família que um padre fosse chamado. Após comungar com o frei Cassiano de Vila Rosa, seu confessor e amigo, o ex-presidente deitou a cabeça no travesseiro e dormiu. Um segundo infarto provocou uma morte serena, exatamente às 13h45. Foi o seu discurso: “[...] O Brasil toma sempre na devida conta e é muito sensível a essas provas de simpatia e amizade que as outras nações freqüentemente lhe testemunham e às quais, por seu lado, agradece com sincera efusão e desvanecimento. Procuramos honrar lealmente esse conceito, trabalhando com afinco em favor da paz, que é a melhor garantia do progresso em todos os povos. Podeis assegurar aos vossos augustos soberanos e governos que entre as minhas preocupações de chefe de Estado nenhuma será mais constante do que esta. Os vínculos de solidariedade internacional, que cada vez nos prendem mais e, através de todas as vicissitudes, vão felizmente estabelecendo para a humanidade a segurança de um futuro melhor [...]”.

ARTHUR BERNARDES

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

FONTE: http://institutohistoriar.blogspot.com/2008/10/arthur-da-silva-bernardes.html

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