FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Nasceu no dia 18 de junho de 1931, no Rio de Janeiro, na época, Distrito Federal. Filho do general Leônidas Cardoso e de Dª Neyde Silva Cardoso. Aos três anos, aprendeu a ler e escrever, ensinado por sua mãe. Fez o curso primário na Escola Paulista, no Rio de Janeiro, e o ginásio no Colégio São Paulo. Fernando Henrique estava com 17 anos quando ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), graduando-se em Ciências Sociais em 1952. Em 1953, especializou-se em Sociologia e, em 1961 doutorou-se pela mesma Universidade. Em 1962 e 1963, fez o curso de pós-graduação no Laboratoire de Sociologie Industrielle da Universidade de Paris. Casou-se aos 18 anos de idade, com Ruth Vilaça Correa Leite e tiveram três filhos: Luciana Cardoso, Beatriz Cardoso e Paulo Henrique Cardoso. Logo após a deposição de João Goulart em 1964, Fernando Henrique foi incluído entre os intelectuais considerados potencialmente ‘perigosos’ e, assim, passou a ser vigiado e perseguido pelos órgãos de segurança governamentais. Preferiu exilar-se, seguindo para a Argentina. No início do mês de maio, aceitou convite para trabalhar em Santiago, no Chile, na Comissão Econômica para a América Latina, que era um órgão criado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1967, Fernando Henrique mudou-se para Paris, para lecionar na capital francesa. Revogada sua ordem de prisão, voltou ao Brasil para participar de concurso para professor catedrático da USP. Mesmo aprovado, foi impedido de trabalhar pelo Ato Institucional nº 05 (AI-5). Em 1969, foi acusado de ‘subversão’ e aposentado compulsoriamente. Neste mesmo ano, tornou-se um dos fundadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, passando longos períodos viajando por diversos países, proferindo palestras e ministrando cursos. Em 1972, passou a escrever para o jornal “Opinião”. Em 1973, participou da fundação da revista “Argumento”. Em 1975, foi convidado para lecionar na Universidade de Princeton, em Nova Jersey, seguindo para os Estados Unidos e, no ano seguinte, foi lecionar na Inglaterra, na Universidade de Cabridge. Em 1977, voltou para Princeton, onde permaneceu dando aulas até 1978. De volta ao Brasil em 1978, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro, elegendo-se como suplente de Senador pelo Estado de São Paulo, passou a presidir a Associação Internacional de Sociologia entre 1982 e 1984. Em 1983, veio a ocupar a cadeira de Senador como titular. Em 1985, foi derrotado para a Prefeitura de São Paulo, mas em 1986, ele se reelegeu para o Senado. Em 1993, assumiu o Ministério da Fazenda, no governo de Itamar Franco, cargo em que criou o ‘Plano Real’, que, por ter baixado a inflação que era de 80% ao mês, o credenciava para a condição de concorrer à Presidência da República, onde foi eleito em 03 de outubro de 1994, com 34.377.198 votos. Em 1º de janeiro de 1995, Fernando Henrique assumiu o governo brasileiro cercado pelas melhores expectativas, por ter maioria no Congresso e, por conta do sucesso que desfrutava pela criação do ‘Plano Real’. O ano de 1995 registrou vitórias governistas em votações delicadas no Congresso, como as emendas constitucionais que permitiam a quebra dos monopólios estatais do petróleo, do gás canalizado, da navegação de cabotagem e das telecomunicações, além da que acabou com a distinção entre empresas estrangeiras, mas as reformas que mais profundamente influiriam nas contas públicas, o déficit público superou os 4% do Produto Interno Bruto (PIB). O desemprego de mais de 1 milhão de pessoas em idade ativa aparentava-se assustador mas, por outro lado, a estabilidade da moeda resistia bem a seu primeiro grande teste (a crise financeira do México). O ano de 1996 foi quase todo consumido em batalhas políticas em torno das reformas da Previdência e da Administração, que encontrou resistências. Em junho de 1997, a emenda da reeleição foi aprovada, gerando uma situação inédita na política brasileira. Enquanto a oposição denunciava a suposta compra de votos, Fernando Henrique e seu vice, Marco Maciel, lançavam-se à reeleição. Sem a necessidade legal de desincompatibilização dos cargos, os dois permaneceram à frente do Executivo Federal. O último ano desse mandato foi marcado pela preparação da primeira reeleição presidencial da história da República brasileira e pela continuidade do processo de privatização. Entre 1995 e 1998, trinta empresas foram vendidas, deixando o controle público e migrando para o sistema privado. A grande maioria dos consórcios de empresas que arremataram as estatais era de capital estrangeiro. Foram arrecadados nessas vendas, 11 bilhões de dólares e transferidos aos adquirentes 5,9 bilhões de dólares. Ainda empurrado pela força do ‘Plano Real’, Fernando Henrique Cardoso voltou a se eleger, com 35.936.540 votos. O segundo governo do Presidente eleito começou com a tentativa de conter a inflação, que já se encontrava num patamar muito alto, tornando-se quase impossível o seu controle, para que baixasse como nos governos anteriores. Os trabalhadores brasileiros reclamavam melhores salários e ameaçavam paralisações em sucessivas greves. O governo argumentava que a folha salarial dos servidores públicos em 2001 atingira cerca de R$ 60 bilhões, contra os cerca de R$ 40 bilhões de 1994, sem que tivesse havido aumento do número de funcionários, como demonstração de que os aumentos salariais de fato existiram. Em meados de 2001, um fato fez cair a popularidade do governo. A crise no setor de energia elétrica, que ameaçava causar a interrupção nas cidades. Para evitar os “apagões”, Fernando Henrique criou uma secretaria para cuidar do problema, que determinou um programa de poupança de energia com cotas máximas de uso e organizou uma grande campanha pedindo a colaboração dos consumidores enquanto incentivava a instalação urgente de termoelétricas no país. A população economizou, e o Presidente agradeceu pela televisão. No fim do ano, com as chuvas, discutia-se como, quando e quanto relaxar nas medidas adotadas. Foi parte de seu discurso: “Senhoras e Senhores. Venho somar minha esperança à esperança de todos neste dia de congraçamento. Permitam que, antes do Presidente, fale aqui o cidadão que fez da esperança uma obsessão, como tantos brasileiros. Pertenço a uma geração que cresceu embalada pelo sonho de um Brasil que fosse ao mesmo tempo democrático, desenvolvido, livre e justo. [...] Por algum tempo, na Presidência de Juscelino Kubitschek, o futuro nos pareceu estar perto. Havia desenvolvimento. O Brasil se industrializava rapidamente. Nossa democracia funcionava, apesar dos sobressaltos. E havia perspectivas de melhoria social. [...] Vieram então anos sombrios, que primeiro trouxeram de volta o crescimento, mas sacrificaram a liberdade. Trouxeram progresso, mas para poucos. [...] Recuperamos aquele que deve ser o bem mais precioso de um povo: a liberdade. [...] Para os jovens de hoje, que pintaram a cara e ocuparam as ruas exigindo decência dos seus representantes, assim como para as pessoas da minha geração, que aprenderam o valor da liberdade ao perdê-la, a democracia é uma conquista definitiva. Nada nem ninguém nos fará abrir mão dela. Recuperamos a confiança no desenvolvimento. [...] Nossos empresários souberam inovar, souberam refazer suas fábricas e escritórios, souberam vencer as dificuldades. Os trabalhadores brasileiros souberam enfrentar as agruras do arbítrio e da recessão e os desafios das novas tecnologias. [...] Chegou o tempo de crescer e florescer. [...] Buscando sempre os caminhos do diálogo e do convencimento, mas sem fugir à responsabilidade de decidir. Sabendo que a maioria dos brasileiros não espera milagres, mas há de cobrar resultados a cada dia do governo. Mesmo porque os brasileiros voltaram a acreditar no Brasil e têm pressa para vê-lo cada vez melhor. [...] É tempo de debater às claras qual deve ser o perfil do Brasil, como Nação soberana, neste mundo em transformação, envolvendo no debate a Chancelaria, o Congresso, a universidade, os Sindicatos, as empresas, as organizações não-governamentais. [...] Eu acredito que o Brasil tem um lugar reservado entre os países bem-sucedidos do planeta no próximo século. [...] A administração está muito deteriorada, depois de anos de desmandos e arrocho financeiro. O clientelismo, o corporativismo e a corrupção sugam o dinheiro do contribuinte antes que chegue aos que deveriam ser os beneficiários legítimos das ações do governo, principalmente na área social. [...] Vamos assegurar uma vida descente às nossas crianças, tirando-as do abandono das ruas e, sobretudo, pondo um paradeiro nos vergonhosos massacres de crianças e jovens. Vamos assegurar com energia, direitos iguais aos iguais. Às mulheres, que são a maioria do nosso povo e às quais o País deve respeito, oportunidades de educação e trabalho. [...] A todos os cidadãos e cidadãs deste nosso Brasil, aos quais peço, mais uma vez, muita fé, muita esperança, muita confiança, muito amor, muito trabalho. Eu os convoco para mudar o Brasil”.
Nasceu no dia 18 de junho de 1931, no Rio de Janeiro, na época, Distrito Federal. Filho do general Leônidas Cardoso e de Dª Neyde Silva Cardoso. Aos três anos, aprendeu a ler e escrever, ensinado por sua mãe. Fez o curso primário na Escola Paulista, no Rio de Janeiro, e o ginásio no Colégio São Paulo. Fernando Henrique estava com 17 anos quando ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), graduando-se em Ciências Sociais em 1952. Em 1953, especializou-se em Sociologia e, em 1961 doutorou-se pela mesma Universidade. Em 1962 e 1963, fez o curso de pós-graduação no Laboratoire de Sociologie Industrielle da Universidade de Paris. Casou-se aos 18 anos de idade, com Ruth Vilaça Correa Leite e tiveram três filhos: Luciana Cardoso, Beatriz Cardoso e Paulo Henrique Cardoso. Logo após a deposição de João Goulart em 1964, Fernando Henrique foi incluído entre os intelectuais considerados potencialmente ‘perigosos’ e, assim, passou a ser vigiado e perseguido pelos órgãos de segurança governamentais. Preferiu exilar-se, seguindo para a Argentina. No início do mês de maio, aceitou convite para trabalhar em Santiago, no Chile, na Comissão Econômica para a América Latina, que era um órgão criado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1967, Fernando Henrique mudou-se para Paris, para lecionar na capital francesa. Revogada sua ordem de prisão, voltou ao Brasil para participar de concurso para professor catedrático da USP. Mesmo aprovado, foi impedido de trabalhar pelo Ato Institucional nº 05 (AI-5). Em 1969, foi acusado de ‘subversão’ e aposentado compulsoriamente. Neste mesmo ano, tornou-se um dos fundadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, passando longos períodos viajando por diversos países, proferindo palestras e ministrando cursos. Em 1972, passou a escrever para o jornal “Opinião”. Em 1973, participou da fundação da revista “Argumento”. Em 1975, foi convidado para lecionar na Universidade de Princeton, em Nova Jersey, seguindo para os Estados Unidos e, no ano seguinte, foi lecionar na Inglaterra, na Universidade de Cabridge. Em 1977, voltou para Princeton, onde permaneceu dando aulas até 1978. De volta ao Brasil em 1978, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro, elegendo-se como suplente de Senador pelo Estado de São Paulo, passou a presidir a Associação Internacional de Sociologia entre 1982 e 1984. Em 1983, veio a ocupar a cadeira de Senador como titular. Em 1985, foi derrotado para a Prefeitura de São Paulo, mas em 1986, ele se reelegeu para o Senado. Em 1993, assumiu o Ministério da Fazenda, no governo de Itamar Franco, cargo em que criou o ‘Plano Real’, que, por ter baixado a inflação que era de 80% ao mês, o credenciava para a condição de concorrer à Presidência da República, onde foi eleito em 03 de outubro de 1994, com 34.377.198 votos. Em 1º de janeiro de 1995, Fernando Henrique assumiu o governo brasileiro cercado pelas melhores expectativas, por ter maioria no Congresso e, por conta do sucesso que desfrutava pela criação do ‘Plano Real’. O ano de 1995 registrou vitórias governistas em votações delicadas no Congresso, como as emendas constitucionais que permitiam a quebra dos monopólios estatais do petróleo, do gás canalizado, da navegação de cabotagem e das telecomunicações, além da que acabou com a distinção entre empresas estrangeiras, mas as reformas que mais profundamente influiriam nas contas públicas, o déficit público superou os 4% do Produto Interno Bruto (PIB). O desemprego de mais de 1 milhão de pessoas em idade ativa aparentava-se assustador mas, por outro lado, a estabilidade da moeda resistia bem a seu primeiro grande teste (a crise financeira do México). O ano de 1996 foi quase todo consumido em batalhas políticas em torno das reformas da Previdência e da Administração, que encontrou resistências. Em junho de 1997, a emenda da reeleição foi aprovada, gerando uma situação inédita na política brasileira. Enquanto a oposição denunciava a suposta compra de votos, Fernando Henrique e seu vice, Marco Maciel, lançavam-se à reeleição. Sem a necessidade legal de desincompatibilização dos cargos, os dois permaneceram à frente do Executivo Federal. O último ano desse mandato foi marcado pela preparação da primeira reeleição presidencial da história da República brasileira e pela continuidade do processo de privatização. Entre 1995 e 1998, trinta empresas foram vendidas, deixando o controle público e migrando para o sistema privado. A grande maioria dos consórcios de empresas que arremataram as estatais era de capital estrangeiro. Foram arrecadados nessas vendas, 11 bilhões de dólares e transferidos aos adquirentes 5,9 bilhões de dólares. Ainda empurrado pela força do ‘Plano Real’, Fernando Henrique Cardoso voltou a se eleger, com 35.936.540 votos. O segundo governo do Presidente eleito começou com a tentativa de conter a inflação, que já se encontrava num patamar muito alto, tornando-se quase impossível o seu controle, para que baixasse como nos governos anteriores. Os trabalhadores brasileiros reclamavam melhores salários e ameaçavam paralisações em sucessivas greves. O governo argumentava que a folha salarial dos servidores públicos em 2001 atingira cerca de R$ 60 bilhões, contra os cerca de R$ 40 bilhões de 1994, sem que tivesse havido aumento do número de funcionários, como demonstração de que os aumentos salariais de fato existiram. Em meados de 2001, um fato fez cair a popularidade do governo. A crise no setor de energia elétrica, que ameaçava causar a interrupção nas cidades. Para evitar os “apagões”, Fernando Henrique criou uma secretaria para cuidar do problema, que determinou um programa de poupança de energia com cotas máximas de uso e organizou uma grande campanha pedindo a colaboração dos consumidores enquanto incentivava a instalação urgente de termoelétricas no país. A população economizou, e o Presidente agradeceu pela televisão. No fim do ano, com as chuvas, discutia-se como, quando e quanto relaxar nas medidas adotadas. Foi parte de seu discurso: “Senhoras e Senhores. Venho somar minha esperança à esperança de todos neste dia de congraçamento. Permitam que, antes do Presidente, fale aqui o cidadão que fez da esperança uma obsessão, como tantos brasileiros. Pertenço a uma geração que cresceu embalada pelo sonho de um Brasil que fosse ao mesmo tempo democrático, desenvolvido, livre e justo. [...] Por algum tempo, na Presidência de Juscelino Kubitschek, o futuro nos pareceu estar perto. Havia desenvolvimento. O Brasil se industrializava rapidamente. Nossa democracia funcionava, apesar dos sobressaltos. E havia perspectivas de melhoria social. [...] Vieram então anos sombrios, que primeiro trouxeram de volta o crescimento, mas sacrificaram a liberdade. Trouxeram progresso, mas para poucos. [...] Recuperamos aquele que deve ser o bem mais precioso de um povo: a liberdade. [...] Para os jovens de hoje, que pintaram a cara e ocuparam as ruas exigindo decência dos seus representantes, assim como para as pessoas da minha geração, que aprenderam o valor da liberdade ao perdê-la, a democracia é uma conquista definitiva. Nada nem ninguém nos fará abrir mão dela. Recuperamos a confiança no desenvolvimento. [...] Nossos empresários souberam inovar, souberam refazer suas fábricas e escritórios, souberam vencer as dificuldades. Os trabalhadores brasileiros souberam enfrentar as agruras do arbítrio e da recessão e os desafios das novas tecnologias. [...] Chegou o tempo de crescer e florescer. [...] Buscando sempre os caminhos do diálogo e do convencimento, mas sem fugir à responsabilidade de decidir. Sabendo que a maioria dos brasileiros não espera milagres, mas há de cobrar resultados a cada dia do governo. Mesmo porque os brasileiros voltaram a acreditar no Brasil e têm pressa para vê-lo cada vez melhor. [...] É tempo de debater às claras qual deve ser o perfil do Brasil, como Nação soberana, neste mundo em transformação, envolvendo no debate a Chancelaria, o Congresso, a universidade, os Sindicatos, as empresas, as organizações não-governamentais. [...] Eu acredito que o Brasil tem um lugar reservado entre os países bem-sucedidos do planeta no próximo século. [...] A administração está muito deteriorada, depois de anos de desmandos e arrocho financeiro. O clientelismo, o corporativismo e a corrupção sugam o dinheiro do contribuinte antes que chegue aos que deveriam ser os beneficiários legítimos das ações do governo, principalmente na área social. [...] Vamos assegurar uma vida descente às nossas crianças, tirando-as do abandono das ruas e, sobretudo, pondo um paradeiro nos vergonhosos massacres de crianças e jovens. Vamos assegurar com energia, direitos iguais aos iguais. Às mulheres, que são a maioria do nosso povo e às quais o País deve respeito, oportunidades de educação e trabalho. [...] A todos os cidadãos e cidadãs deste nosso Brasil, aos quais peço, mais uma vez, muita fé, muita esperança, muita confiança, muito amor, muito trabalho. Eu os convoco para mudar o Brasil”.
Fernando Henrique
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.
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