quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ERNESTO GEISEL

ERNESTO GEISEL
Nasceu no dia 03 de agosto de 1907, no município de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. Filho de Augusto Guilherme Geisel e Lydia Beckmann. Ernesto Geisel começou a ler com a mãe, incentivado por um vintém de cobre a cada lição aprendida. Quando novo, questionava a mãe pela necessidade de estudar tanto, já que queria ser carroceiro. Aos cinco anos de idade foi matriculado no Colégio Elementar em Bento Gonçalves. Em 1914, no segundo ano primário, foi agraciado com a medalha “Prêmio do Mérito, por aplicação, assiduidade e comportamento”. Em 1920, como não havia vagas no Colégio Militar, Ernesto Geisel passou o ano em Porto Alegre, na casa de um militar português. Em 1921 finalmente ingressou no estabelecimento de ensino militar. Para poder ser aceito na instituição, Ernesto Geisel teve o ano de sua data de nascimento alterado de 1907 para 1908. Concluída mais uma etapa de sua formação acadêmica em Porto Alegre, Ernesto Geisel transferiu-se em 1925 para o Rio de Janeiro, onde foi cursar a Escola Militar. Casou-se no dia 10 de janeiro de 1940 e desse casamento tiveram dois filhos: Orlando e Amália Lucy. Não que estivesse predestinado, mas estava, de certa forma, preparado para a Presidência, pois tinha experiência em várias situações, em vários setores. Geisel atingiu a patente máxima do Exército, tornando-se general, e para isso passou pelas promoções usuais: segundo-tenente em 1928; tenente em 1930; capitão em 1935; major em 1943; tenente-coronel em 1948; coronel em 1953; general-de-brigada em 1961; general-de-divisão em 1964; e general-de-Exército em 1966. Em função da “Revolução de 30”, aos 23 anos foi convidado para ser secretário de Estado da Paraíba, onde ordenou a construção do Porto de Cabedelo, marco importante para o Estado. Depois foi indicado para o cargo de secretário da Fazenda e Obras Públicas do Rio Grande do Norte, entre os anos de 1934 e 1935. Em 1935, passou a integrar o Grupo Escola de Artilharia, no Rio de Janeiro; foi designado como instrutor de Artilharia na Escola Militar do realengo em 1939, permanecendo no posto até 1943. Em 1945, foi transferido para a Seção de Operações do Estado-Maior da 3ª Região Militar, em Porto Alegre, e ainda nesse mesmo ano fez um rápido estágio no Army Command and General Staff College, em Fort Leavenworth, nos Estados Unidos. Chefiou a Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional, durante o governo Dutra, e pouco depois, foi nomeado adido militar junto à Embaixada Brasileira no Uruguai. No retorno ao Brasil, no início de 1950, passou a ser adjunto do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). Em 1954, passou a comandar o 8º Grupo Superior de Guerra (ESG), e dois anos depois, em 1954, passou a comandar o 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado. Foi também, em 1955, subchefe do Gabinete Militar do Presidente Café Filho e colocado à disposição da Petrobras, criada no ano anterior. Assumiu a Superintendência Geral da Refinaria de Cubatão (a primeira refinaria brasileira). Depois de um drama familiar, com a perda do filho, assumiu a chefia da Seção de Informações do Estado-Maior do Exército (EME), acumulando também a função de representante do Ministério da Guerra no Conselho Nacional de petróleo. Foi também responsável pelo Comando Militar de Brasília em 1961; chefe do Gabinete Militar da Presidência da República em 1961 e depois entre 1964 e 1967, e ministro do Supremo Tribunal Militar, de 1967 a 1969. Com a experiência que adquiriu, chegou à Presidência da Petrobras. Ficou na presidência da Petrobras por quatro anos, desligando-se para assumir a Presidência da República. O general Geisel foi escolhido para a sucessão do Presidente Médici como candidato da Aliança Renovadora Nacional. A escolha de Ernesto Geisel para a Presidência, desagradou a uma parte dos militares chamados “linha dura”, pelo fato dele ser considerado como favorável à liberalização do regime. Enquanto sua candidatura era apresentada, o mundo vivia a primeira grande crise do petróleo, com o preço do barril saltando de U$ 2,5 para U$ 10,5 em um período de tempo muito curto. O Brasil que era naquela época, o terceiro importador mundial de óleo cru, foi surpreendido pela crise. Geisel foi o primeiro a ser eleito através do “Colégio Eleitoral”, que era formado pelos membros do Congresso Nacional (senadores e deputados), e de representantes das Assembléias Legislativas Estaduais, em número proporcional ao da representação dos Estados na Câmara dos Deputados. Foi o primeiro dos generais do regime militar a disputar a Presidência com um candidato apresentado pelo Movimento Democrático Brasileiro. Na eleição indireta do “Colégio Eleitoral” de 1974, Ulysses Guimarães e seu vice, Barbosa Lima Sobrinho, perderam para o general Geisel, que teve 400 votos. Os militares procuravam um governante que pudesse fazer o processo de “abertura” de forma gradual. Era preciso organizar a volta dos militares aos quartéis. A situação política pela qual passara o país, que culminou no movimento político-militar de 1964, e se estendeu ainda por mais uma década. No plano econômico, solicitou ao ministro do Planejamento uma estratégia para adaptar a realidade brasileira à nova condição imposta pela crise internacional de energia, causada pela elevação dos preços do petróleo. Em 1975, foi concretizada a fusão dos antigos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, formando o novo Estado do Rio de Janeiro e o município do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, foi suspensa a censura prévia à imprensa (o primeiro jornal liberado foi “O Estado de São Paulo”) sugerindo uma nova postura, embora fossem mantidas medidas repressivas contra os militantes do Partido Comunista Brasileiro. Os militares interpretavam a ordem de reprimir a seu modo e continuavam sendo acusados de promover torturas e desaparecimentos de presos políticos. O Presidente Ernesto Geisel se manifestou contrário a maneira como vinha agindo o DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e Centro de Operações de defesa Interna). Outros acontecimentos marcaram esse departamento, como a tortura e morte do jornalista da TV Cultura de São Paulo, Vladimir Herzog, em 1975. No ano seguinte, mais uma morte creditada ao DOI-Codi, o metalúrgico Manuel Fiel Filho. Tentando impor limites aos militares, o general Geisel substituiu o comando do II Exército de São Paulo, responsabilizado pelas ações. Neste ano, também, reconheceu o novo governo socialista de Angola, retomou relações diplomáticas com Moçambique e votou por retaliações contra o regime racista da África do Sul. Foi criada a Lei Falcão (considerado o maior retrocesso da abertura política à época). Numa atitude autoritária, o general Geisel fez uso do AI-5 e fechou o Congresso Nacional em 1º de abril de 1977. Foi criada a figura do Senador indicado, que passou a ser chamado de “senador biônico”, em alusão à postura de robô ou fantoche. No ano de 1978, em algumas regiões do país, o sindicalismo foi reestruturado. Liderado pelo líder metalúrgico Luiz Inácio da Silva, o “Lula”, organizando greves com adesão em massa. Nesse mesmo ano foi criada uma Emenda Constitucional com o número 11, que revogava o AI-5, revogando também, decretos de banimentos de cerca de cem exilados pelos governos de 1964. Foi criado o programa de cooperação nuclear com a Alemanha com investimento de 10 bilhões, que previam a construção de oito centrais de enriquecimento de urânio, só sendo construídas duas usinas. Foi criado também o Proálcool, que regulamentava o uso do álcool anidro, e também o limite de velocidade máxima nas rodovias em 80 quilômetros. Indicando como seu sucessor o general João Baptista de Oliveira Figueiredo, o general Geisel concluiu sua meta de governo, que preparava a “abertura lenta e gradual”, que seria concluída no próximo governo. Depois da Presidência, assumiu a direção da Nordeste Química S.A., e depois de mais alguns anos tornou-se presidente do Conselho de Administração da Copene. Ernesto Geisel morreu no dia 12 de setembro de 1996, aos 88 anos, depois de lutar contra um câncer na coluna vertebral, vindo a falecer na Clínica São Vicente. O corpo do ex-presidente foi velado no Palácio das Laranjeiras e enterrado no Cemitério São João Batista. Foi parte de seu discurso: “Exmo. Sr. Presidente Emílio Garrastazu Médici. Ao receber das mãos dignas de V.Exa. a faixa presidencial, sinto-me duplamente honrado, não só pela insigne distinção que me é conferida, de exercer a suprema magistratura da Nação, mas ainda por me caber prosseguir a notável obra de Governo que V.Exa., com o aplauso geral dos brasileiros, vem de realizar nestes últimos quatro anos. [...] Que Deus dê forças a mim, clarividência e energia para levar avante esse legado superior de consciência cívica e de pragmatismo criador para o bem de nossa pátria e o bem-estar de nosso povo [...]”.


Ernesto Geisel

Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

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