quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

WENCESLAU BRAZ PEREIRA GOMES

WENCESLAU BRAZ PEREIRA GOMES:Nasceu no dia 26 de fevereiro de 1868, na cidade de São Caetano da Vargem Grande, em Minas Gerais, filho do coronel Francisco Braz Pereira Gomes e Dona Isabel Pereira dos Santos. Por viver em ambiente no qual a política era conversa diária, ele já se interessava pelos assuntos públicos aos 12 anos de idade. Iniciou os estudos com dois grandes mestres da época, Evaristo Rebel e Ezequiel Correia de Melo. As primeiras letras, aprendeu em casa com os pais. Para dar prosseguimento aos estudos, foi para São Paulo em 1884, acompanhando por dois anos os cursos preparatórios para a faculdade no Colégio Moretzon. Em 1886, matriculou-se na Academia de Direito, instalada no prédio do antigo Convento de São Francisco. Quatro anos depois, com 22 anos de idade, Wenceslau Braz formava-se bacharel, juntamente com seu primo Delfim Moreira. Quando ainda estudante, no tempo da Monarquia, Wenceslau Braz montou o Partido Republicano e Abolicionista em São Caetano da Vargem Grande. Conseguiu com alguns fazendeiros da região a libertação de escravos e fundou cursos de alfabetização com alguns amigos. Antes de se formar, Wenceslau já chamava a atenção de políticos, que o indicaram para concorrer a uma vaga como deputado estadual. Ele recusou a oferta, já que ainda não tinha a idade mínima exigida por lei. No dia 12 de setembro de 1892, casou-se com Maria Carneiro Pereira Gomes e com ela teve sete filhos: José, Odete, Francisco Wenceslau, João, Mário, Maria Isabel e Maria de Lourdes. Assim que se bacharelou em Direito, Wenceslau Braz regressou a Minas Gerais, iniciando carreira de advogado na cidade de Monte Santo e, logo depois, tornando-se vereador. Chegou à presidência do legislativo municipal. Assumiu a Promotoria Pública de Jacuí e cumpriu também mandato de deputado estadual pelo Partido Republicano Mineiro de 1892 a 1898. Deixando a Assembléia, assumiu a pasta do Interior, Justiça e Segurança Pública na administração de Francisco Silviano de Almeida Brandão, desempenhando essa função até 1902. No ano seguinte, tomou posse como deputado federal, permanecendo na Câmara até 1908. Nos dois anos seguintes ficou na Presidência de Minas Gerais e, logo depois, chegou à Vice-Presidência da República no mandato do marechal Hermes da Fonseca (1910-1914). Em 1912 foi um dos fundadores e presidente da Companhia Industrial Sul-Mineira. No ano seguinte, quando tiveram início as conversas sucessórias, o nome de Wenceslau Braz foi logo colocado como um forte candidato mineiro pra disputar a Presidência da República. O resultado da eleição já era esperado: com 532.107 votos estava Wenceslau Braz eleito para dirigir os destinos do País. Não foi fácil para conseguir organizar o seu Ministério. Primeiro, porque não queria fazer um governo pessoal. Depois, pretendia fazer valer as propostas da sua plataforma de campanha, na qual o presidente deveria se colocar acima dos partidos, e considerava que seu papel era o de conciliador e não dar privilégios a qualquer partido individualmente. Precisou de todo seu poder de conciliador para montar um ministério disposto a enfrentar tempos complicados. A primeira Guerra Mundial tinha curso na Europa e o País vivia em estado de sítio às vésperas de sua posse, a economia extremamente problemática, sofria com a inflação. Diante da situação precária das finanças, o presidente solicitou à Câmara e ao Senado que o seu salário fosse reduzido em 50%, e os congressistas concordaram que reduzissem apenas em 20%. Ato seguinte, determinou que fossem restringidos os gastos, sendo aprovadas somente as despesas muito necessárias, e proibiu o uso dos automóveis para fins pessoais. Devido à guerra, estava difícil importar manufaturados. Lentamente, à medida que o conflito mostrou que não encerraria tão cedo, a situação no Brasil começou a ser revertida. Iniciava-se um grande incentivo para substituir as importações, e teve também o aumento do consumo interno de gêneros alimentícios e matérias-primas, com isso, incentivando para que o Brasil produzisse muito mais e, com esse crescimento, começando os produtores a alcançar o nível de exportação como café, borracha e açúcar, e com isso passando a aliviar as dificuldades econômicas do País. Porém, dentro do Brasil também se enfrentava uma “guerra” em território restrito. Era a “Guerra do Contestado”, disputa por uma área limítrofe entre o Paraná e Santa Catarina, iniciada desde 1912. Foi como uma nova “Canudos sulista”, envolvendo populações pobres sob a liderança de um fanático religioso, o “monge” José Maria (Miguel Lucena de Boaventura), que durou cinco anos, envolvendo uma população em torno de 20 mil pessoas. Coube a Wenceslau Braz controlar o conflito, mediante investida do Exército que deixou 3 mil mortos. No dia 20 de outubro de 1916, representantes dos dois Estados assinaram no Palácio do Catete um convênio que acabou com a disputa. O mandato de Wenceslau Braz sofreu com a oposição e a resistência dos correligionários do ex-presidente Hermes da Fonseca e de seu aliado, o senador Pinheiro Machado, que eram contra as mudanças colocadas em prática pelo governo. O presidente buscou a conciliação inicialmente, mas acabou optando por manter-se neutro. Os resultados eleitorais acabavam invariavelmente no Supremo Tribunal Federal (STF). Assunto importante que entrou em pauta durante seu mandato foi a revisão da Constituição. Wenceslau Braz, que inicialmente era contrário à modificação do texto, foi convencido pelo cotidiano da administração de que alguns ajustes eram necessários. Entre os pontos cogitados para análise estavam: eleição indireta do presidente da República; autorização federal para empréstimos externos aos Estados; discriminação de rendas; nova definição dos casos para intervenção nos Estados; unificação do processo civil, comercial e criminal; abolição de remuneração nas prorrogações das sessões legislativas; difusão do ensino primário nos Estados sob a responsabilidade da União. Porém, o grupo anti-revisionista era forte e, conseguiu adiar a formação da Constituinte. A Constituição não saiu, mas o Código Civil sim. O País começava a encarar uma “guerra” muito pior que as outras. Era a “gripe espanhola”, que se instalou no Brasil depois da chegada de um navio com imigrantes vindos da Espanha (daí o nome dado à gripe), que assolava o País matando, só no Rio de Janeiro, 17 mil pessoas em dois meses. Escolas, comércio, repartições públicas ficaram fechados. Era o último ano de mandato de Wenceslau Braz. Tendo deixado o cargo aos 50 anos, Wenceslau declarou: “Depois de ter sido presidente da República, a nada mais deve aspirar um homem na vida pública”. Retornou a Itajubá e viveu até os 96 anos, dedicados a negócios privados, (foi presidente da Companhia Industrial Força e Luz de Itajubá, da Fábrica de Tecidos Codorna). Ainda foi membro da comissão executiva do Partido Republicano Mineiro no biênio 1929-1930 e membro da comissão diretora do Partido Social Nacionalista em 1932. Wenceslau Braz Pereira Gomes faleceu, no dia 15 de maio de 1966, na cidade de Itajubá. Entre as quase 20 mil pessoas presentes ao seu funeral, estiveram: o vice-presidente José Maria Alkimin (representando o presidente Castello Branco), governador de Minas Gerais, Israel Pinheiro, José Magalhães Pinto e outras autoridades. O presidente Castello Branco decretou luto oficial por três dias. Parte do seu discurso de posse: “Ao patriotismo dos homens de responsabilidade do Brasil se impõe, sem ilusões, uma grande obra de construção política e econômica e restauração financeira. Está bem claro que esta dupla obra exige uma mesma base: intransigência moral, administrativa, absoluto respeito às leis, imparcial aplicação dessas, paz, ordem em todas as modalidades: ordem moral, jurídica e material. [...] Chegamos a um desses períodos excepcionais, sem par na nossa história, que exigem resoluções externas, urgentes e eficazes. Não creio que possa haver um brasileiro digno desse nome, um habitante do Brasil que se interesse pela nossa Pátria, que recuse seu apoio e concurso para uma obra de salvação pública. [...] Cumprirei meu dever. Confio em todos que cumpram o seu.”

WENCESLAU BRAZ
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário