quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O MUNICÍPIO DE CARIACICA

Possui uma área de 279,98 km², correspondente a 0,60 % do território estadual, limitando-se ao norte com Santa Leopoldina, ao sul com Viana, a leste com Vila Velha, Serra e Vitória e a oeste com Domingos Martins. A sede fica a 15,8 quilômetros da capital, Vitória. Tem uma população de 324.285 habitantes, segundo o censo de 2000, sendo que 95% estão na área urbana. Ela se situa na Região Metropolitana da Grande Vitória.
O município de Cariacica foi criado pelo decreto nº 57 de 25 de novembro de 1890 e instalado em 30 de dezembro do mesmo ano.
Seus centros comerciais são Campo Grande e Itacibá.

História


Cariacica ou Carijacica

Cariacica era propriamente o nome do rio que desce do Mochuara e de uma serra adjacente. A primeira é uma pedra gigantesca, barômetro infalível das populações ribeirinha, pois a coroa de alvas neblinas representa o sinal introdutório de que a chuva não se delonga.
É interessante notar que, não conhecem os habitantes o verdadeiro nome desse granito, porque indiferentemente o qualificam de Monchuar (Muchuar - veio de diamantes) ou até com certeza de Muchauara (pedra irmão) estribando-se, talvez, nos conhecimentos da língua tupi. Outra mais lendária, é a que se baseia numa possível exclamação de tripulantes franceses ao se aproximarem, na estrada da baia de Vitória: “Mouchoir!” Vendo o Muxanara, com a sua coroa branca, acharam-no parecido coberto por um lenço (Mouchoir).
Carijacica — "chegada do branco" foi denominação tupi, e, com o correr dos anos, a linguagem acabou de abreviar.
Confinando-se com aquelas serras está a cordilheira de Duas Bocas, que, atualmente, com as barragens nela construídas, fornecem água para a capital do Estado. As primeiras construções neste sentido datam de 1896, por iniciativa do município de Cariacica e ampliadas em 1909 pelo governo capixaba.
O filete de água corrente, engrossado por pequenos mananciais, dirige-se inclinado para o oeste com 18 quilômetros de curso e deságua na Baía de Vitória. A sua foz, um pouco ampla, ofereceu nos primeiros tempos acesso fácil à pequenas embarcações que atingiam o Porto de Cariacica, primitivo centro comercial, ponto de contato entre a costa e o interior. O território municipal deve o seu nome a esse pequeno tributário do oceano.
Porém, como se pode observar, não é ainda aí que se iriam fixar os elementos humanos para a formação de um núcleo mais evoluído de colonização, senão com esparsos engenhos e fazendas de criação de gado. O ponto de referência seria a oeste do Porto de Cariacica e Bubu, no planalto a 36 metros do nível do mar, constituído acima das fraldas da montanha da Fazenda do Quartel, tendo do lado oposto a região de Areinha e Coanga, por onde descamba pelas baixadas recém-abandonadas da estação da Estrada de Ferro Vitória-Minas.
Esse planalto outrora foi conhecido por Água Fria, aliás por circunstância de fácil dedução, em se sabendo da existência de um filete d’água cristalina e frigidíssima, que ainda hoje desce do sulco formado em terrenos circunvizinhos ao Grupo Escolar Augusto Luciano.
Passou a ser conhecido por Morro da Igreja, quando o presidente da província, José Tomás de Araújo, ordenou a construção da Igreja Matriz, conforme o art. 1º da lei nº 6, de 1839, no local que melhor conveniência apresentasse. Esta foi a conseqüência lógica do ato de 13 de dezembro de 1837, considerando a freguesia, chamada pela Igreja Católica, de São João Batista de Cariacica, como termo de capital. Era, como se vê, a formação elementar da autonomia política e administrativa municipal, com o nome reconhecido de Cariacica e os limites dos Distritos de Paz, confirmados mais tarde nos termos da Lei nº 2, de 11 de março de 1864, numa circunscrição de 400 quilômetros quadrados.
É de se salientar que embora fosse uma obrigação oficial a construção da Igreja Matriz, como não devemos desconhecer a interdependência havia entre a Igreja e o Estado, para erguê-la, no entanto, valeu-se o povo do seu próprio esforços, sob orientação valiosa e indispensável do padre italiano, Frei Ubaldo Civitela Di Trento.
Para conseguir o seu objetivo, este padre organizava procissões com características muito interessantes. Cada devoto carregava uma pequena pedra, células mínimas, que iriam formar a estrutura dessa majestosa construção secular. Dedicamos, a seguir, um tópico só para contar um pouco da história deste Frei.

Carnaval de Congo

Mascarados são presença fundamental no Carnaval de Congo
Mascarados são presença fundamental no Carnaval de Congo
O Carnaval de Congo de Máscaras de Roda D’Água, que acontece em abril é um manifestação da cultura afro-brasileira, com grande influência indígena e que resiste ao tempo. o Carnaval de Congo de Cariacica é um antigo gesto em homenagem à padroeira do Espírito Santo. Contam os descendentes que, no passado, diante da dificuldade de locomoção até o Convento da Penha, os moradores decidiram homenagear a santa saindo pelas ruas da localidade em procissões animadas por tambores de congo. Com o passar dos anos, a festa cristã organizada pelos brancos misturou-se às raízes negras e indígenas, dando origem ao carnaval.
Conta ainda a crença popular que os negros usavam máscaras para não serem reconhecidos por seus senhores, originando-se daí o uso de máscaras. O Carnaval de Congo de Cariacica tem como objetivo promover a integração entre as bandas de congo do município e bandas convidadas, além de ser uma forma de proporcionar lazer à comunidade local e visitantes. Todo ano cerca de 10 mil pessoas brincam na festa.

Frei Ubaldo Civitela Di Trento

Frei Ubaldo Civitela Di Trento chegou ao Brasil em 1847. Veio da região do Abruzzo, na Itália, para trabalhar na catequese dos índios no Espírito Santo. Iniciou seu trabalho como missionário na capital da província. Depois foi para a então Freguesia de Viana, hoje município da Grande Vitória.
Somente depois de retornar à capital da província, por motivo de doença, é que foi para Vila de Cariacica e em 1849 deu início à construção da igreja matriz de São João Batista, padroeiro do município até hoje. Nesta época o escravo negro era usado somente na produção agrícola. No Espírito Santo eles estavam distribuídos da Vila São MAteus (norte) à Vila de Itapemirim (Sul). Viviam como a população escrava brasileira, em condições onde fugas, aquilombamentos e revoltas eram constantes. Frei Ubaldo tinha conhecimento da situação nacional desde a sua chegada à capital da província.
No Estado, frei Ubaldo encontrou outro italiano, frei Gregório José Maria de Bene, responsável pela construção da igreja de Queimados, na Serra. Em suas pregações eles condenavam a escravidão em todas as suas formas. Lembravam aos escravos a plena liberdade dos povos da Europa e criticavam o cativeiro no Brasil.
As pregações dos missionários italianos influíram primeiro no reduto de Queimados, onde mais tarde ocorreria a insurreição. Foi nesta época que os dois missionários italianos combinaram libertar os escravos caso fossem ajudados na construção das igrejas. Calculou-se que em um ano a igreja da Freguesia de Queimados estaria concluída e no dia do padroeiro da Serra, São Benedito, os escravos que tivessem ajudado na obra seriam libertados.
Enquanto isso em Cariacica os habitantes não mediam esforços para ajudar frei Ubaldo na construção da igreja que mais tarde se tornaria marco de formação do futuro município. Os fiéis faziam procissões nas quais carregavam pedras para edificação. O número de escravos era inferior a Queimados. Mas eles acreditavam na liberdade prometida.
Quando aproximava-se o dia da liberdade, frei Gregório fez uma declaração que causou revolta. Disse que a liberdade prometida era a de Deus, não a alforria, porque só aos senhores cabia a permanência dos escravos nos cativeiros. Da frustração para as armas foi um pulo. Não demorou a conspiração fez-se sentir e a agitação dos ânimos tomou-se o prelúdio da insurreição. Armados eles foram às fazendas exigir aos senhores suas cartas de alforria.
Mas na capital da província o presidente, na época o desembargador Antônio Joaquim da Siqueira, era informado da situação e mandou tropas para Queimados, Cariacica e Itaoca. A rebelião durou dois dias. Muitos escravos foram presos, outros mortos. Frei Gregório foi preso com os escravos. Após chegar à capital a noticia de que a ordem havia sido restabelecida, o presidente da província mandou apurar os fatos e os dois frades foram envolvidos.
A igreja de Cariacica não havia sido concluída quando chegou ordem expressa do presidente da província para que frei Ubaldo fosse levado à corte. Os dois frades foram responsabilizados pela revolta dos escravos e considerados nocivos à tranqüilidade pública. Somente em 1851 é que a igreja de Cariacica foi concluída. Um ano antes frei Ubaldo cai doente e morre de febre amarela no dia 16 de junho de 1850.
É notório na civilização brasileira a influência de um templo religioso. Onde fosse construído, num tempo relativamente curto, vasta população se estabelecia em derredor. A história nos atesta e os fatos confirmam esta realidade.
Grande período da história de Cariacica se perde no vácuo das cogitações lendárias e nas atividades puramente coloniais, esgotando os recursos naturais de mais fácil obtenção, sem qualquer traço nítido que chamasse o interesse dos colonizadores. Somente depois que teve população realmente estabelecida, pôde melhor salientar, já então no Primeiro Império, quando produzindo a cana, o algodão, o milho e outros produtos cultivados pelos escravos, representando em mais alto grau, como em toda a sua existência, fatores preponderantes da economia provinciana, aliada a uma ampla criação de gado bovino. A agricultura foi o seu campo de atividade inicial. Hoje, entretanto, diversas fábricas, para diversos fins, estão localizadas em vários pontos do município.

Imigração e colonização

Somos um povo por excelência formado pelo caldeamento das diversas raças e que por quatro séculos vem aprimorando o protótipo nacional. O português, valendo-se das prerrogativas de descobridor, apoiado por sua potência marítima, traz as primeiras levas de desterrados e patriotas aventureiros. A terra era imensa e as florestas inacabáveis. Os índios organizados de forma distinta das exigidas pelos portugueses, inadaptados para o trabalho compulsório. A solução foi o trabalho escravo negro africano, que veio trazendo o seu vigor físico, o seu sangue e coragem para desbravar a terra virgem. Indio, branco e negro são os elementos fundamentais da nossa formação racial. Vale lembrar que os primeiros imigrantes trazidos para Cariacica datam dos anos 1829 e 1833, localizados em 1830, em número de 400, em virtude do contrato feito pelo governo, em 12 de novembro de 1829.
Muito embora saibamos que negros e índios, muito antes haviam penetrado para o interior conduzidos pelos escravocratas. Aqueles imigrantes oficiais, eram todos pomeranos, introduzidos por Mr. Henrici, com a finalidade de se empregarem na limpa da estrada, que por Itacibá, devia comunicar-se com Minas Gerais. Estas e outras limpas efetuadas, mais tarde, vieram a ser aproveitadas para o leito da Estrada de ferro Vitória, em muitos trechos, quando inaugurada em 1904. Correntes mais fortes para o povoamento, só se vêm registrar depois de 1865, pela formação de colônias alemãs, vindas de Cachoeiro de Santa Leopoldina e Santa Isabel, instalando-se em Biriricas, Pau-Amarelo, Holanda, Tirol, estas últimas, já no município cachoeirano.
Os primitivos habitantes na fase primária da sua história, eram indígenas, que com o afastamento, fizeram seu último reduto em Itanhenga, entre os rios Santa Maria e Cariacica, desaparecendo por completo. De tribos não há notícias, sendo prováveis de goitacazes, tupiniquins e aimorés. Conheceu-se o índio Benedito, o “Velho Bino”, como era chamado, morando numa barraca na baixada do Porto de Cariacica. O índio Manoel da Conceição e a Luíza Conceição, são duas figuras, que da realidade e da ficção de suas existências, foram a beleza primária da sua história. As lendas que muitas vezes os envolvem, são páginas transcritas da vida dos primeiros habitantes, projetadas para a sensibilidade dos futuros artistas que as puderam conceber na realização de suas obras. Que existiram, não resta a menor dúvida, pois o valor bastante, comporta a tradição, único meio seguro no seio de famílias incultas, no alvorecer da nossa colonização.
A não ser nas colônias alemãs, não se nota uma predominância de estrangeiros na sua população mesmo naquelas, o que hoje existe é uma tradição. Os hábitos e os costumes, com as influências portuguesas, e deixando em seu lugar, o realismo envolvente da própria terra. O linguajar cantado, quando faz interrogações em negativas e interrogativas, é outro tanto de peculiaridades do povo, inerente à sua própria condição, em nascendo do caldeamento das raças das mais diversas. Papel saliente desempenhou na história econômica brasileira, o jesuíta. Guarda avançada da civilização européia , integrava-se numa rápida assimilação no “hínterland” nacional, levando , desta forma, as primeiras luzes aos filhos nativos de nossa terra. Era o escudo protetor, barreira intransponível, amalgamada no carinho e na bondade. Onde chegasse havia acolhimento, um reflexo autêntico desse caráter concentrado na meditação de homens devotados à causa sublime de Deus.
Deles as primeiras escolas e os primeiros engenhos nos mais distantes rincões do país. Mancará é bem o protótipo dessa hospitalidade monacal. A sua situação invejável, ao lado de um córrego, foi berço dessa fecunda atividade. Distando quatro quilômetros da sede do município, possuía por construções jesuíticas, a margem direita da sua atual represa, misto de colégio e convento, sob administração clerical, um grande prédio. Um pouco acima estava o antigo cemitério, comprovado vez por outra vestígios de ossatura humana. Os mais remotos engenhos de açúcar de que se tem noticia, são os de Roças Velhas, Ibiapaba, Maricará e Cuira, que revelam este espírito de batalhadores incansável nos jesuítas.
A localidade de Roças Velhas, nas proximidades do Mochuara, conserva o mesmo nome. Itanheenga foi o último reduto dos selvagens, entre o rio Santa Maria e Cariacica, na fuga lenta, dando o avanço da colonização pelas entradas aventureiras. Seu nome, de origem tupi, reflete o medo dos silvícolas as forças estranhas da natureza. “Jta”- pedra — e “anheenga” —inferno — isto: é, pedra do inferno, demonstra o panteísmo naturalístico, tão bem compreendido por Rocha Pombo, arraigado na mentalidade teológica dos nossos aborígenes. Outra versão lendária, que se toca intimamente com a primeira, é a seguinte: certa vez, o chefe tupi dera o seu grito de guerra, agressivo e altissonante. Para surpresa sua, respondeu-lhe incontinente o eco das montanhas. Diante do espetáculo inédito, gritou para os companheiros: - Itanheenga, isto é, pedra que fala, originando a designação atual de ltanheenga.
Esta região está situada no município de Cariacica. Foi considerada como terreno devoluto, sendo adquirida e anexada ao seu território, conforme pedido feito ao governo do estado, em 18 de maio de 1895, constituindo hoje a extensa área desapropriada para isolamento daqueles que sofrem do mal de Lázaro.
Na mesma circunscrição está o preventório onde residem os seus filhos, em pavilhões com silhueta de modernos edificios livre, “O Alzira Bley”. O município de Cariacica tem possibilidades inegáveis da presença do petróleo, na região do Sapá de Itanheenga. O Dicionário Histórico, Geográfico e Estatístico da Província do Espírito Santo, editado em 1878, laconicamente assinala a presença destes minérios nas nascentes daquele rio. Nos confins do município de Cariacica, no sitio de Boqueirão. E incontestável a presença destes minérios.
No governo do Coronel Henrique da Silva Coutinho, o falecido Guilherme Gegenheir ofereceu ao saudoso Dr. Mazelli, amostras que analisadas, acusaram 80% de feno. Neste governo Mazelli exercia o cargo de Técnico na Secretaria da Agricultura. E incontestável a presença destes minérios. Já no governo de Jerônimo Monteiro, novamente, foi entregue a ele amostras que submetidas a apreciação técnica, mereceram os maiores encômios, iniciativa esta que ressalta a figura do respeitável Sr. Francisco Carlos Schwab Filho e ao Dr. Augusto Ramos, engenheiro que executou os trabalhos de Duas Bocas. Muito além do horizonte de Duas Bocas nas propriedades dos Barcelos, no Baixo Boqueirão, entre o cenário magnífico, trabalhado pacientemente por uma lenta e contínua erosão. Esta pode ter sido a causa da profunda cavidade existente, com mais de cinco metros de diâmetro, e que desaparece para o seio do solo.

Mochuara

Monte Mochuara, marco paisagístico de Cariacica.
Monte Mochuara, marco paisagístico de Cariacica.

Mochuara, um símbolo do município

A imponência do Mochuara se destaca ao longe. Ao lado do Mestre Álvaro, na Serra, o Mochuara, em Cariacica, é o símbolo do município, como o Convento da Penha é de Vila Velha. Habitat de diversas espécies ameaçadas de extinção, como o araçá do mato, o pau dalho, o cobi-da-terra, o cobi-da-pedra, o jequitibá e o jeriquitim, sua fauna é composta de beija-flores, pica-paus, lagartos e outros bichos.
A imponência do monte, serviu de referência para os viajantes e aventureiros que, nos primeiros séculos do Brasil, percorriam os sertões do Espírito Santo em busca de novas terras e riquezas minerais.
Na língua dos índios que habitavam o local, o nome Mochuara quer dizer pedra irmã, mas relatos históricos dizem que quando corsários franceses chegaram à baia de Vitória, a neblina que encobria o monte lembrava um imenso pano branco. Daí a expressão mouchoir, que quer dizer lenço e se pronuncia "muchuá". Do monte descia o Rio Cariacica, que deu nome ao Município.

As Lendas do Mochuara

Já não constitui mistério, que estas elevações que se assemelham de Cariacica, verde-azuladas para as bandas do norte, no morro da Serra, emerge, na inocência do panorama natural, um vulcão de proporções assustadoras, felizmente extinto.
No horizonte oposto, nos lados do sul, ergue-se majestoso o Mochuara, tendo um fim do azulado, permanente, dando-lhe os contornos nítidos do seu trono granítico milenar. Poucos, a não ser os navegantes, sabem que ele, o morro da Serra, é um perfeito guia para orientar os pescadores em alto mar, razão porque é por eles conhecido de Mestre Alves, o que talvez quisessem dizer com acerto de Mestre Alvo, pela coroa branca que o encarapuça nos dias nebulosos. O privilégio de orientação nos tripulantes, como tive oportunidade de observar, não pertence somente ao mono da Serra, nem tão pouco ao Mochuara. Entre os dois, mais ao fundo, a Pedra do Escavado toma parte saliente no cenário. Os três pontos elevados são guias naturais. Esses três pontos envolvem protetoramente a cidade de Cariacica, dando-lhe o cenário completo enfatizado pelos requintes da simplicidade da natureza. Dir-se-iam que embebidos pela contemplação da mútua do Morro da Serra e o Mochuara procurassem buscar na postura infatigável, meio secreto de comunicação, perpetuando desta forma um romance interrompido. O povo foi sempre crédulo das suas arengas e engenhoso nas suas histórias. Corrobora as suas assepções a afirmativa de um ascendente qualquer, falecido em gerações passadas. A noite de Natal, consagrada pelo mundo cristão para homenagear o nascimento de Cristo, solenizada pelos mistérios sagrados da religião, deixou sempre em cada alma, um sulco profundo de recordações indeléveis de quadros infantis, no aconchego de um lar confortador. A maravilha do nosso céu de verão, nessas noites cálidas, foi sempre inspiradora de uma nova estrela, apontando no espaço o caminho da nova redenção humana.
A lenda do Mochuara é bem o produto desses fatores. Foi amalgamada na consciência do ingênuo produtor dessas imagens e cinzelada pelo artificio das produções comuns. Em noite de Natal, comumente iluminada por milhões de estrelas, corre no céu uma bola, qual piróforo sacerdotal, com radiações diamantinas, do Mochuara para o Morro da Serra e vice-versa. E assim, consecutivamente de ano em ano, mudando erraticamente de lugar, a mensagem fluorescente cumpre as vontades do “deus cupido”. Afirmam os prosaicos continuadores desta lenda, e com ‘certeza, que no próximo Natal à meia noite, a sua viagem será partindo do Mochuara. Porém, afirma-se que a tocha incendiada que caiu sobre o Morro da Serra não viera propriamente do Mochuara. No entanto, vale como uma feliz coincidência. Talvez seja mesmo um fenômeno físico esporádico qualquer. Esperemos o outro Natal e, em todos os anos não cansemos de perscrutar os céus, em busca do ponto perdido no horizonte, o sinal retinto, iluminado pelas emanações de uma fé inabalável. E se por acaso, a confirmação for negada, não nos iludamos com a inexistência, lembremos que o segredo foi feito para “quatro paredes”. Até as pedras podem corar com os olhares impudicos, devassando o seu segredo de amor, e declinarem animados do encontro marcado pelo relógio do universo.
Só assim continuará viva uma lenda, talhado na palheta inconfundível do artista comum e debulhada com carinho no quadro vivo da natureza. Seguindo-se outras hipóteses, Cariacica é mesmo uma terra de maravilhas. Fogos cruzam o espaço e, galerias misteriosas se enchafurdam na lama. São casos esparsos que se confundem nos entrechoques fantásticos das criações engenhosas, no céu e na terra, conspirando cada vez mais para a irrealidade da vida. O homem gosta de pesquisar, e por ser um ser sociável por excelência e, fora deste meio social, é como a flor sem vida, murcha sem beleza selvática que a natureza nela soube imprimir. A coordenação dos seus esforços é tão natural e espontânea como se fosse uma lei da sua própria vida.
A bandeira do município de Cariacica foi criada através do Projeto de Lei nº 09/72, constando de um retângulo verde e branco, contendo no centro o brasão do município composto de um elenco de cores: verde, amarelo, azul, branco e vermelho que representam os fatores da economia municipal alusivos à agricultura, pecuária e indústria.
Em 21 de janeiro de 1992, entrou em vigor a mudança na bandeira, através do Projeto de Lei cm - 050/92 que após sancionada, a Lei ganhou o nº 2.310/92 que insere no brasão a configuração do maciço “mochuara”, com sobreposição de torres compatíveis com a ciência a título de heráldica.
O brasão passou a ter a seguinte constituição: em campo azul, verde e vermelho, encimado pela cor mural de seis torres, sendo quatro a vista em perspectiva no desenho, em prata. Ornamentos representados pelo maciço “mochuara” em cinza, pela indústria em preto e vermelho; e pela agropecuária: a cana-de-açúcar, o gado e banana.
Listela de cor amarela, contendo o topônimo Cariacica ladeado pela data que assinala a emancipação do município (30 de dezembro de 1890), em vermelho.

Histórico dos prefeitos


Prefeitos e datas

1890 Álvaro Coutinho Alvarenga Nomeado-renunciou antes de cumprir o mandato provisório
  • 1890 Major Inácio de Almeida Nomeado a partir de 30 de Dezembro de 1890 pelo governador Henrique da Silva Coutinho.
  • 1892 a 1896 Antônio Manuel Lopes Loureiro
    • Primeiro prefeito eleito pelo voto democrático substituído muitas vezes pelo seu vice.
  • 1896 a 1900 Emídio de Siqueira Pinto
  • 1900 a 1902 Olímpio de Oliveira Trancoso
  • 1902 a 1904 Antônio Manuel L. Loureiro
  • 1904 a 1910 Francisco C. Schwab Filho
  • 1910 a 1912 Inácio Francisco Cravo
  • 1912 a 1914 Antônio Pinto Duarte
  • 1914 Francisco Carlos D'Oliveira
  • Governo de transição. Permanece até as eleições. Seu Vice Francisco C. D’Oliveira, assumiu muitas vezes.
  • Maio/14 Francisco C. Schwab Filho
  • Maio/16 Carolino Rodrigues P. Firme eleito governador-presidente do município
  • 1918 a 1920 Antônio Pinto Duarte
  • 1920 a 1922 José Firme
  • 1922 a 1924 Antônio Pinto Duarte
  • 1924 a 1928 Walfredo Ferreira Paiva
  • 1930 Adalberto Barbosa
    • Permaneceu até a Revolução de 1930
  • 1930 a 1931 Junta Governativa, constituída pela Revolução.
    • Em 1931 a Junta foi desfeita por Manuel Monteiro de Moraes
  • 1931 a 1936 Genésio Cardoso Hilário, SegismundoSonegheti, Olimpio Moreira da Cunha
  • 1936 a 1942 Roberto Couto
  • 1942 a 1946 Álvaro Gimenes Nomeado pelo governador do Estado
  • 1947 a 1951 Joaquim José Vieira
  • 1951 a 1955 Licério Francisco Duarte
    • Eleito pelo voto popular, filho de Antônio P. Duarte.
  • 1955 a 1956 Jocarly Gomes Sales
  • 1956 a 1963 Eduartino Silva
  • 1963 a 1969 Jocarly Gomes Salles
  • 1969 a 1970 Vicente Santório Fantini
  • 1970 a 1972 Aldo Alves Prudêncio
  • 1973 a 1978 Vicente Santório Fantini
  • 1978 a 1980 Aldo Alves Prudêncio
    • Governou até dezembro/80, quando foi assassinado.
  • 1980 a 1981 Joel Lopes Rogério
    • Presidente da Câmara substituiu Aldo Alves Prudêncio. Morre com disparos de sua arma de fogo, em 9 de Dezembro de 1981.
  • 1981 a 1983 Wagner de Almeida
    • Outro presidente da Câmara que assume a Prefeitura.
  • 1983 a 1984 Vicente Santório Fantini
    • Em 10/84 se afasta devido a um derrame cerebral.
  • 1984 a 1986 Nelço Secchin Vice-Prefeito
    • Assume em out/84. Em fev/86, é afastado sob a acusação de corrupção.
  • 1986 a 1987 Claudionor Antunes Pinto
  • 1987 a 1989 Milton da Rocha Melo
    • Presidente da Câmara que assume em abril/87 a janeiro/89, em lugar do interventor.
  • 1989 Vasco Alves de O. Júnior
  • 1989 Augusto César Meloti Melo
    • Vice assume o lugar de Vasco
  • 1989 Vasco Alves de O. Júnior
    • Governou durante 14 dias. Afastado após anulação de uma Liminar
  • 1989 Augusto César Meloti Melo
    • Governou durante os meses de setembro e outubro.
  • 1989 a 1992 Vasco Alves de O. Júnior
    • Retorna à Prefeitura por decisão do Conselho Superior da Magistratura do Espírito Santo. Reassume em 3 de Outubro de 1989 até 04/92
  • 1951 a 1955 Augusto César Meloti Melo Governou de 04 à 12/92
  • 1993 a 1996 Aloízio Santos
    • Eleito e empossado sob a égide da Lei Orgânica do Município de Cariacica
  • 1997 a 2000 Dejair Camata
    • Morreu em acidente automobilístico em 26 de março de 2000
  • 2000 Jesus dos Passos Vaz
    • Assumiu no dia 26/03, um domingo. No dia 1° de novembro foi afastado pela Câmara de Vereadores
  • 2000 Joscelino Miguel da Silva.
    • Assumiu na manhã do dia 2 de novembro
  • 2001 Aloísio Santos(Morreu em 2007)
    • Assumiu o cargo no primeiro minuto, numa iniciativa inédita, tendo sido o primeiro prefeito do País a assumir o Governo de madrugada. A solenidade na Câmara foi bastante concorrida pelos políticos, população e imprensa, pela novidade. Morreu de cãncer de prostata em 2007.
  • 2004 Helder Salomão
    • Cadidato do PT, se elegeu com 72,46% dos votos, contra 27,54% do candidato a reeleição Aloízio Santos.

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