HERMES RODRIGUES DA FONSECA:Nasceu no dia 12 de maio de 1855, na cidade de São Gabriel, Estado do Rio Grande do Sul. Filho de Hermes Ernesto da Fonseca e Dª Rita Rodrigues Barbosa da Fonseca. Hermes da Fonseca passou a infância na pequena cidade de São Gabriel, onde o pai servia no 1º Corpo de Artilharia a Cavalo. Ali, o seu passatempo era ir assistir aos exercícios diários em frente aos quartéis. Por volta dos 07 anos, cavalgava num pônei pelos arredores da cidade. Tinha por hábito, escapar de casa para longos passeios e ao mesmo tempo para ficar longe da sisudez do pai. Em 1865, sua mãe, Rita da Fonseca, partiu para o Rio de Janeiro, onde já se encontravam a sogra e mais alguns membros da família Fonseca. Hermes da Fonseca se ressentiu da perda da liberdade ao ir pra um lugar totalmente desconhecido pra ele, com apenas 11 anos de idade. Pouco tempo depois, já aluno da Escola Militar, retornou o velho hábito de fazer longas cavalgadas, fazendo explorações dos arredores, como a gruta do Pão de Açúcar, a praia Vermelha e Copacabana. Em 1867, ano seguinte ao da transferência da família para o Rio de Janeiro, Hermes foi estudar no colégio Saint Louis, com o professor de francês, padre Jules Janrad, sendo a primeira escola que freqüentou. Neste mesmo ano, depois de brigar com três meninos e de rasgar a batina de um padre, foi expulso do colégio por indisciplina, passando a estudar em outra instituição, o Imperial Colégio D. Pedro II, e também freqüentando as aulas no Liceu de Artes e Ofícios. Em setembro de 1871, já concluído o bacharelado em Ciências e Letras, Hermes da Fonseca alistou-se no 1º Batalhão de Artilharia a Pé, com 16 anos de idade. Em 19 de outubro, matriculou-se na Escola Militar da Praia Vermelha, depois de muitos pedidos da mãe ao pai de Hermes, que não queria os filhos seguindo a carreira militar. Quando a família veio pro Rio de Janeiro, Hermes passou a conviver com a prima e parceira de infância, Orsina Francione da Fonseca, que acabou em casamento, em 1877, tendo ela, na ocasião, 18 anos, e tiveram cinco filhos. O jovem Hermes da Fonseca assumiu seu primeiro posto em 1886, como segundo-tenente, do 3º Batalhão de Artilharia, sendo transferido para o 2º Regimento no ano seguinte. Foi agente do Conselho Econômico e depois ajudante-de-ordens do seu pai, o comandante das Armas da Província do Pará. Com a eleição de Floriano Peixoto para a Presidência da República, Hermes da Fonseca foi destituído do comando do 2º Regimento de Artilharia de Campanha e teve que ir para a Bahia, onde assumiu a direção do Arsenal de Guerra. Em 1893, foi transferido para o comando da Guarnição de Niterói, onde foi promovido a coronel, vindo em 1905 a general-de-divisão. Quando estava no posto de marechal, Hermes da Fonseca assumiu o Ministério da Guerra, no governo de Afonso Pena, em 1906. Sem nunca ter mostrado maiores ambições, renunciou a seus cargos para se candidatar à sucessão do Presidente da República. Como Hermes da Fonseca tivesse a simpatia da oposição, recebeu o apoio total dos que tinham o interesse em acabar com a hegemonia da política café-com-leite, pelos quais se revezavam os paulistas e mineiros. O candidato marechal Hermes da Fonseca foi eleito Presidente da República em 1910. O resultado das urnas foi: 403.867 votos para Hermes da Fonseca e seu vice (pela primeira vez um vice da própria chapa era eleito) Wenceslau Braz, com 406.012 votos. Esse resultado foi muito contestado na época, pois se dizia ter havido uma fraude de grandes proporções. Hermes da Fonseca, maçom da Loja Maçônica Amor ao Trabalho, foi homenageado pela eleição de 1910. Um fato interessante de sua campanha foi que ele usou uma vassoura como símbolo, dizendo que iria “varrer a roubalheira dos civilistas”, referindo-se aos rurais que dominavam o cenário político. Tendo perdido sua esposa em 30 de novembro de 1912, por falecimento, Hermes casou-se novamente aos 57 anos de idade, com a Dª Nair de Teffé. Os constantes conflitos políticos abalaram a economia do País. A crise do café, tendo como concorrente a borracha produzida na Ásia a preços mais competitivos levaram o presidente a buscar empréstimos que comprometeram ainda mais a saúde financeira do País. Nos Estados do interior, os movimentos contrários ao governo começavam a despontar, e em breve também nas cidades grandes. Crescia a luta pela redução da jornada de trabalho e a criação do salário-mínimo, palavras de ordem, tiradas do II Congresso Operário que havia levantado à mobilização de 59 associações de trabalhadores de todos os lugares do País. Neste tempo foi feita uma passeata contra a carestia, com 10 mil pessoas, em 1913, no Largo do São Francisco, no Rio de Janeiro. Assim que passou a faixa presidencial ao mineiro Wenceslau Braz e saiu do Palácio do Catete, Hermes foi encontrar com a família em Petrópolis, onde anunciou que estava feliz por ter cumprido com seu dever. Com o assassinato do seu grande amigo, o gaúcho Pinheiro Machado, resolveu retirar-se definitivamente da vida política, rejeitando convites para ser senador pelo Rio Grande do Sul. Assim, em 1915, embarcou para a Europa onde permaneceu por cinco anos. Regressando em 1920, o ex-presidente voltou refeito das mágoas acumuladas durante sua gestão e recebeu, ainda no porto, as boas-vindas em nome do Exército. Três dias depois, entrevistado por repórter do “Correio da Manhã”, Hermes manifestava seu estado de espírito. Contudo, o retorno não o manteve longe de problemas. Foi acusado de fazer parte da conspiração conhecida como “Movimento de 22”, contra o governo de Epitácio Pessoa, e ficou preso no Forte de Copacabana, só recebendo a liberdade 14 meses depois. Em julho de 1922, durante sua prisão, Hermes sofreu seu primeiro ataque cardíaco. Com a saúde e o ânimo abalados ao sair da prisão, passou seus últimos meses em companhia da esposa em Petrópolis, na casa dos pais dela. Em 09 de setembro de 1923, às oito e meia da manhã, sentiu uma forte dor no peito de mais um ataque cardíaco, que desta vez foi fulminante. A família do marechal Hermes Rodrigues da Fonseca recusou quaisquer honra militar e, em cerimônia simples, o enterrava como um civil. Foi parte de seu discurso: “É de impressionar a extraordinária significação desta imponente Assembléia, já pela distinção dos ilustres estadistas que a compõem [...] E o mais cativante é para mim a vossa benevolência pela honrosa e desvanecedora companhia de tão notável patrício no pleito presidencial, a ferir-se em 1º de março próximo vindouro [...] A minha condição de soldado não emprestará uma feição militarista ao meu governo. De origem genuinamente civil, amparada pelos chefes situacionistas da quase unanimidade dos Estados e pelos seus opositores, a minha candidatura não irrompeu do seio das classes armadas, cuja ação, aliás, não pode ser indiferente aos interesses políticos e sociais da nossa Pátria. [...]”
Hermes da Fonseca
Pesquisa: Hélvio Gomes Cordeiro (membro do Instituto Historiar).
Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio
FONTE: http://institutohistoriar.blogspot.com/2008/09/srie-presidentes-do-brasil_28.html
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